AIDS
A Prevenção da AIDS: Investimento em Prosperidade Global
Lawrence H. Summers
Secret¡¦io do Tesouro

A velocidade atual das descobertas cient¡¦icas oferece uma oportunidade hist¡¦ica de progresso contra doen¡¦s mortais como a AIDS, respons¡¦eis por tantos preju¡¦os sobre o desenvolvimento econ¡¦ico e que amea¡¦m a prosperidade e a estabilidade da economia global.

Cada vez mais, ¡¦medida que se processa a integração, o mundo vem enfrentando uma ampla classe de problemas que atravessam as fronteiras e desafiam a solução f¡¦il de governos e mercados individuais. Seja a lavagem de dinheiro e o crime financeiro, as mudan¡¦s clim¡¦icas ou as reduções da biodiversidade global, as soluções desses problemas ser¡¦ bens p¡¦licos globais, que exigem cooperação global combinada.

As propostas apresentadas na Iniciativa Presidencial do Mil¡¦io buscam catalisar uma reação global a um dos mais urgentes e moralmente constrangedores desses problemas: o flagelo de doen¡¦s infecciosas que atingem de forma mais dura os pa¡¦es que s¡¦ menos capazes de combat¡¦las.

Gostaria de abordar aqui os tr¡¦ pontos que formam a base da iniciativa presidencial. Primeiramente, o desenvolvimento e o fornecimento de vacinas e tratamento de doen¡¦s infecciosas ¡¦agora um dos investimentos mais eficazes que podemos fazer em termos de desenvolvimento econ¡¦ico vitorioso nos pa¡¦es mais pobres. Em segundo lugar, tanto as lições das experi¡¦cias recentes de desenvolvimento como o avan¡¦ das descobertas cient¡¦icas nos colocaram em uma posição de real impacto sobre a expans¡¦ global dessas doen¡¦s. Em terceiro lugar, ¡¦necess¡¦ia a cooperação entre os setores p¡¦lico e privado, tanto em n¡¦el nacional como internacional, para atingir este objetivo.

O Combate ¡¦ Doen¡¦s Infecciosas como Imperativo Moral e Econ¡¦ico

Poder¡¦parecer surpreendente que o secret¡¦io do Tesouro esteja dedicando tanta atenção ao prop¡¦ito de prevenção e controle da doen¡¦ no mundo em desenvolvimento. Mas, como secret¡¦io do Tesouro, sou constantemente informado sobre as enormes ações econ¡¦icas, humanit¡¦ias e de seguran¡¦ nacional dos Estados Unidos no desenvolvimento vitorioso dos pa¡¦es mais pobres.

Atualmente, n¡¦ ¡¦exagero afirmar que o maior obst¡¦ulo isolado ao desenvolvimento humano nesses pa¡¦es ¡¦o terror da doen¡¦, como o HIV/AIDS. A expans¡¦ do HIV/AIDS nos ¡¦timos anos tem sido r¡¦ida e particularmente brutal.

Cinq¡¦nta milh¡¦s de pessoas em todo o mundo foram infectadas com o v¡¦us HIV; mais de 16 milh¡¦s morreram; e os casos fatais anuais relacionados com a AIDS atingiram o recorde de 2,6 milh¡¦s no ano passado. Na ¡¦rica ao sul do Saara, onde ocorreram 85% de todas as mortes por AIDS, a expectativa de vida est¡¦agora sofrendo forte decl¡¦io em v¡¦ios pa¡¦es, revertendo d¡¦adas de ganhos obtidos com dificuldade. Em pelo menos cinco pa¡¦es africanos, mais de 20% dos adultos s¡¦ HIV positivos. No sul da ¡¦rica, estima-se que a expectativa de vida caia de 59 no in¡¦io dos anos 1990 para 45 nos pr¡¦imos cinco a dez anos, um n¡¦el nunca visto desde a d¡¦ada de 1950. E as mais altas taxas de novas infecções encontram-se muitas vezes entre as jovens mulheres que em breve ser¡¦ m¡¦s.

As mulheres est¡¦ sofrendo cada vez mais a viol¡¦cia do HIV/AIDS, tanto como principais assistentes e, dentre as jovens, as que muitas vezes s¡¦ as mais vulner¡¦eis ¡¦doen¡¦. Em muitos lugares, a infecção por HIV/AIDS entre as jovens ¡¦de tr¡¦ a cinco vezes mais alta que entre os meninos. E, em algumas partes da ¡¦rica do Sul, os testes de cerca de um ter¡¦ das mulheres gr¡¦idas est¡¦ indicando HIV positivo, em comparação com apenas 1% em 1990. Em um continente onde as mulheres desempenham parcela desordenada do trabalho f¡¦ico e contribuem de forma fundamental para a economia dom¡¦tica, a debilitação trazida pela AIDS ¡¦particularmente cruel.

O mais preocupante ¡¦a velocidade com que o HIV/AIDS est¡¦se expandindo e o perigo muito real de que o que est¡¦acontecendo na ¡¦rica esteja por acontecer no resto do mundo. As taxas de infecção na ¡¦ia est¡¦ crescendo rapidamente, com diversos pa¡¦es ¡¦beira de uma pandemia em larga escala e necessitando tomar ações imediatas para evitar o desastre sofrido pela ¡¦rica. Partes da Am¡¦ica Latina e do Caribe (nossos pr¡¦rios vizinhos) tamb¡¦ demonstram taxas de infecção altas e crescentes. E os pa¡¦es da antiga Uni¡¦ Sovi¡¦ica e do leste europeu tamb¡¦ s¡¦ vulner¡¦eis, com a R¡¦sia experimentando o maior aumento das taxas de infecção do mundo no ano passado.

Ao mesmo tempo, temos que enfatizar que milh¡¦s de pessoas no mundo ainda s¡¦ v¡¦imas de doen¡¦s com s¡¦ulos de idade. A tuberculose, por exemplo, representa mais de dois milh¡¦s de mortes por ano e as correntes resistentes ¡¦ drogas est¡¦ se espalhando. De fato, milhares de pessoas que s¡¦ HIV positivos na verdade morrem de tuberculose; seus sistemas imunol¡¦icos debilitados permitem que a tuberculose se desenvolva, o que pode ent¡¦ espalhar-se para pessoas que n¡¦ s¡¦ HIV positivas.

No geral, as doen¡¦s infecciosas s¡¦ a principal causa de morte em todo o mundo, sendo respons¡¦eis por quase a metade de todas as mortes entre as pessoas com menos de 45 anos. O resultado final n¡¦ ¡¦simplesmente uma crise humanit¡¦ia, mas uma crise s¡¦io-econ¡¦ica mais ampla.

A expectativa de vida est¡¦caindo principalmente devido ¡¦crescente mortalidade entre os adultos em idade ativa e as pesquisas demonstram que o crescimento econ¡¦ico depende principalmente da parcela da população que se encontra em idade de trabalhar. Um estudo recente do Banco Mundial estima que a AIDS ¡¦capaz de extrair cerca de 1% por ano do crescimento do PIB de 30 pa¡¦es africanos ao sul do Saara. O ¡¦us de enfrentar essas doen¡¦s refor¡¦ ainda mais a pobreza que permitiu que essas doen¡¦s se enraizassem. Os or¡¦mentos e instalações para cuidados com a sa¡¦e s¡¦ dominados pelo pesado ¡¦us de cuidar dos infectados. E as fam¡¦ias que j¡¦est¡¦ empobrecidas s¡¦ for¡¦das a liquidar seus bens e suprimir despesas essenciais, como educação, para pagar os altos custos do tratamento m¡¦ico, o que as leva a uma espiral econ¡¦ica decrescente e ainda mais profunda. A AIDS sozinha tornou ¡¦f¡¦ um n¡¦ero alarmante de crian¡¦s (mais de 11 milh¡¦s em todo o mundo), sendo 10,5 milh¡¦s na ¡¦rica.

Se esses pa¡¦es n¡¦ se desenvolverem, eles n¡¦ poder¡¦ contribuir com o crescimento global mais amplo em que estamos investidos, em uma ¡¦oca em que mais de 40% das nossas exportações j¡¦t¡¦ como destino os pa¡¦es em desenvolvimento. A ang¡¦tia nacional e a instabilidade pol¡¦ica que inevitavelmente acompanham as perdas humanas nessa escala podem causar danos maiores ao sistema global como um todo.

Por todas essas raz¡¦s, o desenvolvimento e o fornecimento de vacinas e tratamentos eficazes contra doen¡¦s infecciosas est¡¦ entre os investimentos mais lucrativos que podem ser feitos, tanto no desenvolvimento econ¡¦ico vitorioso dessas economias, como na prosperidade e estabilidade da economia global como um todo.

Acreditamos que esta seja uma necessidade fundamentalmente humanit¡¦ia. Tamb¡¦ ¡¦uma necessidade econ¡¦ica e de seguran¡¦ nacional. E ¡¦uma necessidade que a experi¡¦cia global e a velocidade das descobertas cient¡¦icas nos colocaram agora em uma posição muito mais forte de abordagem.

A Capacidade de Fazer a Diferen¡¦ Real

Necessitamos agora lidar com o impacto imediato e cont¡¦uo de doen¡¦s infecciosas e outras doen¡¦s da pobreza. O n¡¦el de esfor¡¦s internacionais do passado para combater as doen¡¦s infecciosas sugere que n¡¦ existem soluções simples e f¡¦eis para este problema. Mas estamos atualmente em posição muito mais forte que est¡¦amos mesmo h¡¦alguns anos para auxiliar os pa¡¦es a alcan¡¦rem progressos concretos.

Primeiramente, tem havido r¡¦ido crescimento do conhecimento cient¡¦ico relevante. Claramente, uma raz¡¦ para a alta incid¡¦cia de doen¡¦s infecciosas s¡¦ as lacunas remanescentes do nosso conhecimento cient¡¦ico sobre essas doen¡¦s. O desenvolvimento de vacinas e rem¡¦ios n¡¦ pode simplesmente exceder as fronteiras do conhecimento b¡¦ico dispon¡¦el. Mas, como observou um executivo farmac¡¦tico em uma reuni¡¦ recente sobre esse assunto com o presidente Clinton, esta ¡¦uma "idade de ouro" para a pesquisa e implementação. Avan¡¦s recentes importantes est¡¦ sendo feitos nos campos da mal¡¦ia, pneumococo e AIDS. Acreditamos que a pol¡¦ica p¡¦lica pode proporcionar impulso fundamental para os esfor¡¦s da pesquisa privada nesta ¡¦ea.

Em segundo lugar, temos novos instrumentos para canalizar potencialmente recursos internos e externos significativos para este esfor¡¦. A falta absoluta de recursos financeiros em relação ao custo at¡¦dos investimentos mais b¡¦icos em sa¡¦e ¡¦claramente um obst¡¦ulo ainda maior para o aprimoramento dos resultados de sa¡¦e desses pa¡¦es.

Em m¡¦ia, as nações mais pobres do mundo gastam apenas US$ 15 por pessoa em assist¡¦cia m¡¦ica a cada ano; menos que o custo de vacinação completa de uma crian¡¦ contra nove doen¡¦s b¡¦icas, incluindo a p¡¦io, sarampo e t¡¦ano. Nos Estados Unidos, gastamos milhares de d¡¦ares por pessoa em assist¡¦cia m¡¦ica a cada ano. Nos pa¡¦es em desenvolvimento mais pobres, existem em m¡¦ia apenas 14 m¡¦icos e 26 enfermeiras para cada 100.000 pacientes, em comparação com 245 m¡¦icos e 878 enfermeiras nos Estados Unidos. E 800 milh¡¦s de pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia. A dura realidade ¡¦que o custo de tratamento de pacientes com AIDS da forma com que fazemos nos Estados Unidos excede em muito a renda per capita da maior parte dos pa¡¦es em desenvolvimento.

N¡¦ podemos esperar eliminar a dist¡¦cia relativa dos recursos econ¡¦icos dos pa¡¦es. Mas, com a iniciativa Pa¡¦es Pobres com Grandes D¡¦idas (HIPC), temos um instrumento para aumentar os fundos que eles t¡¦ dispon¡¦eis, assegurando que sejam canalizados para atender prioridades de desenvolvimento humano, como tratamento m¡¦ico b¡¦ico.

A iniciativa HIPC, criada em 1996 e ampliada no ano passado, j¡¦auxiliou algumas das nações mais pobres do mundo a liberar preciosos recursos para o desenvolvimento humano que, de outra forma, teriam sido gastos no servi¡¦ da d¡¦ida. Totalmente financiada e implementada, a iniciativa HIPC ampliada tem o potencial de ser um instrumento ainda mais poderoso para auxiliar os pa¡¦es a concentrarem mais recursos no combate ¡¦ doen¡¦s infecciosas.

No ano passado, o governo de Uganda economizou US$ 45 milh¡¦s em servi¡¦ da d¡¦ida com base no programa HIPC original. Seus gastos com sa¡¦e e educação cresceram em US$ 55 milh¡¦s, que inclu¡¦am um esfor¡¦ importante para combater a epidemia de HIV/AIDS. Estima-se que as taxas de imunização das crian¡¦s em Uganda aumentem de 55% em 1996 para 60% em 2002. Uma das principais prioridades para gastos com sa¡¦e no futuro, que seria facilitada pelo perd¡¦ da d¡¦ida pelo HIPC ampliado, ¡¦estender o alcance da educação do HIV/AIDS, particularmente para as comunidades rurais.

H¡¦que se enfatizar que a educação das meninas oferece o benef¡¦io adicional de ajudar a evitar a expans¡¦ do HIV/AIDS. Todos os estudos no Zaire, Zimb¡¦ue e em outros lugares sugerem que taxas mais altas de matr¡¦ulas escolares secund¡¦ias das meninas foram associadas com velocidade muito menor de transmiss¡¦ do HIV. E, em todo o mundo em desenvolvimento, os dados de assist¡¦cia m¡¦ica confirmam que os n¡¦eis de educação possuem agora alta correlação com a probabilidade das mulheres praticarem sexo seguro. ¡¦por isso que a nova abordagem dos empr¡¦timos oficiais, que ¡¦parte da iniciativa HIPC, d¡¦import¡¦cia central aos investimentos essenciais na educação das mulheres, juntamente com outros investimentos sociais fundamentais.

Por fim, temos maior entendimento da import¡¦cia e dos requisitos pr¡¦ios para o fornecimento efetivo de vacinas e tratamentos. Claramente, n¡¦ h¡¦benef¡¦io em embarcar vacinas e rem¡¦ios para os portos das nações pobres se elas n¡¦ se destinarem aos bra¡¦s ou bocas das pessoas que delas necessitam. Da mesma forma, h¡¦pouco benef¡¦io na administração de vacinas e rem¡¦ios a pessoas que n¡¦ recebem os instrumentos b¡¦icos para a manutenção da sa¡¦e, tais como intervenções de nutrição como vitamina A e ferro para evitar doen¡¦s, mosquiteiros para a mal¡¦ia e educação para evitar a expans¡¦ do HIV/AIDS. Esses problemas muitas vezes t¡¦ sido obst¡¦ulos importantes aos esfor¡¦s internacionais para o combate ¡¦ doen¡¦s do coração no passado. Entretanto, as fortes ligações entre diferentes aspectos da assist¡¦cia m¡¦ica agora s¡¦ bem compreendidas na comunidade em desenvolvimento e s¡¦ postas em pr¡¦ica com sucesso.

Isto se reflete tanto na Iniciativa Presidencial do Mil¡¦io e nos planos sendo agora desenvolvidos pelo Banco Mundial, que se concentram no deslocamento de recursos significativos para aprimorar o fornecimento de servi¡¦s b¡¦icos de sa¡¦e, que incluem vacinas e rem¡¦ios.

Tamb¡¦ compreendemos melhor que este n¡¦ ¡¦somente um problema de dinheiro, mas de compet¡¦cia e compromisso com a continuidade. Especificamente, os governos dos pa¡¦es em desenvolvimento necessitam comprometer-se com objetivos espec¡¦icos de aprimoramento do fornecimento de assist¡¦cia m¡¦ica e efeitos na sa¡¦e. E os pa¡¦es doadores, as organizações internacionais e as entidades n¡¦-governamentais das nações em desenvolvimento necessitam cooperar para encontrar soluções que funcionem melhor para o pa¡¦ em quest¡¦. E a aplicação destes princ¡¦ios est¡¦produzindo resultados concretos.

Em Uganda e na Tail¡¦dia, por exemplo, programas inovadores recentes apoiados pela comunidade internacional come¡¦ram a reverter as taxas de infecção de AIDS em grupos de alto risco. E, no Senegal, investimentos iniciais em programas de prevenção ajudaram a manter as taxas de infecção por HIV baixas. Em Bangladesh, que gasta apenas US$ 4 por pessoa anualmente em sa¡¦e, o Banco Mundial, a USAID e outros doadores apoiaram o desenvolvimento de redes de pessoal n¡¦ m¡¦ico que se deslocam para milhares de aldeias e agrupamentos urbanos pobres, ajudando a reduzir a taxa de mortalidade infantil de 132 para 75 entre 1980 e 1997.

A Iniciativa Presidencial do Mil¡¦io nas Vacinas

A Iniciativa Presidencial do Mil¡¦io nas Vacinas, descrita no seu discurso do Estado da Uni¡¦, aborda as duas realidades a seguir: o grau e a urg¡¦cia do problema e o escopo maior que temos hoje para o lan¡¦mento de uma reação global eficaz.

Nesses esfor¡¦s, estamos trabalhando com o apoio do setor privado, que inclui companhias farmac¡¦ticas que podem proporcionar a pesquisa e desenvolvimento que s¡¦ t¡¦ necess¡¦ios para o desenvolvimento das vacinas corretas. Estamos tamb¡¦ contando com o comprometimento do setor sem fins lucrativos, que inclui organizações como a fundação criada pelo presidente da Microsoft, Bill Gates, que contribuiu muito generosamente com a luta contra a doen¡¦; e estamos utilizando o conhecimento do governo para que possa agir como catalisador a fim de assegurar que esses esfor¡¦s sejam expandidos em escala internacional.

A iniciativa presidencial possui quatro componentes b¡¦icos. Primeiramente, a mobilização de recursos internacionais adicionais para auxiliar os pa¡¦es mais pobres a comprarem as vacinas existentes para as suas crian¡¦s. Muitos pa¡¦es pobres muitas vezes n¡¦ t¡¦ dinheiro para comprar vacinas. Para ajudar a combater este problema, o or¡¦mento presidencial para o ano fiscal 2001 prop¡¦ uma contribuição de US$ 50 milh¡¦s para a Alian¡¦ Global para Vacinas e Imunização (GAVI), destinados ¡¦compra das vacinas existentes para as crian¡¦s. Esta contribuição deve ajudar a catalisar contribuições significativas de outros pa¡¦es e fundações. Tamb¡¦ agregar¡¦credibilidade importante ao compromisso da comunidade internacional para proporcionar mercado para novas vacinas, incluindo vacinas contra a AIDS, quando estiverem desenvolvidas. Al¡¦ disso, o presidente ajudou a estimular compromissos da ind¡¦tria farmac¡¦tica para a doação de centenas de milh¡¦s de d¡¦ares em vacinas existentes.

Em segundo lugar, o deslocamento dos recursos internacionais existentes para o estabelecimento de infra-estrutura em pa¡¦es pobres que possa fornecer vacinas e rem¡¦ios, proporcionando servi¡¦s essenciais de assist¡¦cia m¡¦ica.

O presidente Clinton convocou os bancos multilaterais de desenvolvimento a deslocarem US$ 400 a US$ 900 milh¡¦s adicionais anuais de recursos de concess¡¦s para assist¡¦cia m¡¦ica b¡¦ica. Naturalmente, um elemento essencial dessa assist¡¦cia ¡¦a prevenção e o tratamento de doen¡¦s infecciosas, incluindo a AIDS.

Em terceiro lugar, a intensificação da busca de formas mais eficazes de tratamento e prevenção de doen¡¦s que afligem em grande parte os pa¡¦es em desenvolvimento, especialmente o HIV/AIDS, a mal¡¦ia e a tuberculose.

O or¡¦mento presidencial do ano fiscal 2001 para os Institutos Nacionais de Sa¡¦e inclui aumento significativo da pesquisa essencial para a criação de vacinas contra doen¡¦s mortais que afligem principalmente os pa¡¦es em desenvolvimento. O financiamento da pesquisa da vacina contra a AIDS aumentar¡¦substancialmente no ano fiscal 2001 e ter¡¦mais que dobrado desde o ano fiscal 1997.

O presidente tamb¡¦ prop¡¦ US$ 100 milh¡¦s adicionais para a prevenção contra o HIV e o tratamento da AIDS na ¡¦rica, ¡¦ia e outros pa¡¦es em desenvolvimento. Podemos fazer progressos cruciais contra o HIV e a AIDS, fornecendo informações claras sobre estrat¡¦ias de prevenção e o tratamento de doen¡¦s sexualmente transmiss¡¦eis. Estamos convocando outros pa¡¦es para unirem-se a n¡¦ na alocação de fundos com esses prop¡¦itos.

Em quarto lugar, utilizar o conhecimento tecnol¡¦ico e cient¡¦ico do setor privado no desenvolvimento de novas vacinas contra as doen¡¦s infecciosas.

Embora progressos importantes estejam sendo feitos, reconhece-se amplamente que o mercado n¡¦ fornece incentivos suficientes para que as companhias farmac¡¦ticas desenvolvam vacinas e rem¡¦ios para doen¡¦s que afetam desproporcionalmente as nações em desenvolvimento. De fato, a Organização Mundial da Sa¡¦e estima que talvez apenas 10% dos US$ 50.000 a 60.000 milh¡¦s gastos anualmente em todo o mundo em pesquisas de sa¡¦e sejam dirigidos a doen¡¦s que afligem 90% da população mundial.

Para come¡¦r a tratar desse problema, o presidente est¡¦propondo um novo cr¡¦ito tribut¡¦io para vendas de vacinas contra a mal¡¦ia, tuberculose, HIV/AIDS ou qualquer doen¡¦ infecciosa que cause mais de um milh¡¦ de mortes anuais em todo o mundo. Com base nesta proposta, o vendedor de uma vacina qualificada poder¡¦reivindicar um cr¡¦ito igual a 100% do montante pago por uma organização sem fins lucrativos qualificada (como a UNICEF) que tenha recebido uma alocação de cr¡¦ito da Ag¡¦cia Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O cr¡¦ito tribut¡¦io corresponderia aos gastos do comprador d¡¦ar por d¡¦ar, dobrando, assim, o seu poder de compra.

Para 2002 at¡¦2020, a USAID poder¡¦designar at¡¦US$ 1.000 milh¡¦s de vendas de vacinas como eleg¡¦eis para o cr¡¦ito. Este cr¡¦ito proporcionaria um compromisso espec¡¦ico e confi¡¦el com a compra de vacinas para as doen¡¦s desejadas quando se tornarem dispon¡¦eis. O presidente est¡¦convocando outros governos para fazerem compromissos de compra similares, de forma que possamos assegurar mercado futuro para essas vacinas fundamentalmente necess¡¦ias.

Al¡¦ disso, o Governo Clinton exprimiu seu desejo de apoiar um cr¡¦ito tribut¡¦io para despesas com testes cl¡¦icos qualificados para determinadas vacinas, similar ao cr¡¦ito tribut¡¦io com drogas de ¡¦f¡¦s j¡¦existente. O cr¡¦ito seria de 30% dos gastos com testes cl¡¦icos humanos de vacinas contra as doen¡¦s desejadas pela iniciativa presidencial. Este cr¡¦ito proporcionar¡¦um incentivo adicional para que os fabricantes de drogas realizem pesquisas sobre novas vacinas e acelerem o seu desenvolvimento.

Conclus¡¦

A magnitude do desvio de rota e a complexidade do desafio do combate ¡¦ doen¡¦s infecciosas, e sua resist¡¦cia aos esfor¡¦s do passado, t¡¦ a tend¡¦cia de oprimir a esperan¡¦ com um sentido de futilidade. Em todo o mundo, as doen¡¦s infecciosas, incluindo a AIDS, est¡¦ matando milh¡¦s de crian¡¦s e enfraquecendo e matando dezenas de milh¡¦s de adultos em idade ativa. As devastadoras conseqüências humanas e econ¡¦icas s¡¦ claras.

Entretanto, em Uganda, Tail¡¦dia, Senegal e em todas as partes, vemos agora exemplos animadores de progressos concretos. E observamos no passado que esfor¡¦s globais bem coordenados podem ter enorme impacto. ¡¦somente necess¡¦io considerar a erradicação da var¡¦la; a quase completa campanha contra a p¡¦io; e o not¡¦el esfor¡¦ global para o combate da cegueira do rio (oncocerc¡¦se), que estancou a transmiss¡¦ dessa doen¡¦ em onze pa¡¦es africanos e evitou que 185.000 j¡¦infectados ficassem cegos.

Como afirmei, acreditamos que agora temos a oportunidade hist¡¦ica de fazer progressos contra as outras doen¡¦s mortais que existem e causam tantos preju¡¦os para as economias em desenvolvimento. O crucial ¡¦que necessitamos agir agora para catalisar amplos esfor¡¦s internacionais para cuidar do problema na raiz.

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In¡¦io do artigo | Quest¡¦s Globais, Julho 2000 | Revistas eletr¡¦icas do IIP | P¡¦ina principal de IIP