Tran Ha, Rep¡¦ter do Instituto Poynter

Um rep¡¦ter investigativo descobre maus tratos a crian¡¦s, mas enfrenta cr¡¦icas ¡¦icas por n¡¦ agir rapidamente para melhorar as suas vidas.


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A reportagem: vida para as crian¡¦s com pais viciados em drogas e ¡¦cool

O prop¡¦ito: utilizar as experi¡¦cias de algumas crian¡¦s para contar a hist¡¦ia das demais e chamar a atenção para um problema nacional.

O dilema: ao escrever a reportagem, o rep¡¦ter descobre que as crian¡¦s s¡¦ negligenciadas, mal nutridas e maltratadas.

Se voc¡¦fosse o rep¡¦ter, o que faria?

Esse cen¡¦io estava na mente dos jornalistas que acompanhavam uma discuss¡¦ sobre ¡¦ica no Instituto Poynter, uma escola de jornalismo sem fins lucrativos. O caso em estudo era "¡¦f¡¦s do V¡¦io", uma reportagem em duas partes abordando crian¡¦s e seus pais viciados em ¡¦cool e drogas. A s¡¦ie, que foi publicada no "Los Angeles Times" h¡¦mais de dois anos, levantou preocupações ¡¦icas em todo o pa¡¦, com suas descrições perturbadoras da vida das crian¡¦s.

Uma preocupação que nasceu das discuss¡¦s foi se as crian¡¦s foram colocadas em situação vulner¡¦el por muito mais tempo que o necess¡¦io.

A rep¡¦ter, jornalista de assuntos urbanos do "Times" Sonia Nazario, passou cinco meses estudando as crian¡¦s e dois meses escrevendo a reportagem. O que poderia ter sido feito durante esse per¡¦do para minimizar o sofrimento dessas crian¡¦s?

Terence Oliver, diretor de arte do "Akron Beacon Journal", afirma achar que Nazario n¡¦ necessitava passar at¡¦cinco meses estudando as crian¡¦s.

"Acho que a quest¡¦ era ¡¦via", afirma Oliver. "O assunto por si s¡¦era quente. Quanta munição ¡¦necess¡¦ia?"

Oliver, que adotou uma crian¡¦ vinda de uma situação similar ¡¦das crian¡¦s da reportagem, sabe por experi¡¦cia pr¡¦ria as cicatrizes f¡¦icas e emocionais resultantes da neglig¡¦cia e dos maus tratos.

Outros jornalistas uniram-se a Oliver em sua preocupação sobre o tempo que a reportagem levou para ser publicada.

"Acho que foi um trabalho jornal¡¦tico not¡¦el", afirma Mike Wendland, colega do "Poynter", "mas levar todo esse tempo para execut¡¦lo ¡¦inaceit¡¦el".

Em seu retrospecto, Nazario afirma que o tempo gasto para escrever a s¡¦ie foi "uma das cr¡¦icas mais justificadas que recebi. Acho que, para fazer uma reportagem como esta, ¡¦melhor faz¡¦la mais rapidamente."

Para Laurie Nikolski, editora associada do "The Journal News" de White Plains, Nova York, a maior lição resultante das discuss¡¦s foi a import¡¦cia da tomada antecipada de decis¡¦s ¡¦icas.

"O jornal deveria e poderia estar melhor preparado para a reação que estava por receber", afirma Nikolski. "Acho que a rep¡¦ter foi deixada ¡¦deriva no processo. Acho que ela necessitava de mais apoio dos seus editores desde o princ¡¦io."

Nazario afirma que concorda e acha que, de forma geral, n¡¦ existe discuss¡¦ ¡¦ica suficiente entre os rep¡¦teres e os editores nas redações.

"N¡¦ acredito que os editores puxem esse assunto com freqüência e nem que os rep¡¦teres falem disso com freqüência", afirma ela. "Se eu tivesse discutido a hist¡¦ia mais no in¡¦io, isso poderia ter me evitado parte dessas cr¡¦icas. N¡¦ acho que teria evitado todas, mas parte."

A coisa mais importante a ter em mente ¡¦que, se Nazario foi capaz de encontrar essas crian¡¦s, tamb¡¦ os servi¡¦s de proteção ¡¦crian¡¦ poderiam t¡¦lo feito, afirma Tena Ezzadine, rep¡¦ter investigativa da WBNS-TV de Columbus, Ohio.

"Hist¡¦ias como esta, que captam a sociedade na sua forma mais rara, necessitam ser contadas", afirma Ezzadine. "Acho que o pior que podemos fazer como jornalistas ¡¦voltar as costas para hist¡¦ias como esta, com medo da publicidade negativa."

"¡¦imposs¡¦el fazer algumas dessas reportagens sem causar nenhum dano", afirma Nazario. "A quest¡¦ ¡¦o quanto voc¡¦observa e como equilibrar isso, mostrando o que est¡¦acontecendo e o bem que pode vir ao se mostrar o que est¡¦acontecendo".

Este ¡¦um lembrete de que, ¡¦ vezes, o grande jornalismo n¡¦ termina com um final limpo e confort¡¦el, afirma Al Tompkins, l¡¦er do grupo de r¡¦io e televis¡¦ do Instituto Poynter. Muito do poder da reportagem reside no fato de n¡¦ haver sido convenientemente resolvido, afirma ele.

"Ao final, acho que foi uma reportagem forte e que ela atendeu bem o tema, as pessoas envolvidas e o p¡¦lico", afirma Nikolski. "Muitas vezes acho que, ao acompanhar quest¡¦s da inf¡¦cia, a crian¡¦ individual perde-se ou torna-se apenas algo com o que relacionar a quest¡¦. Sonia deu vida ¡¦ crian¡¦s."


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