ACRI: TRABALHANDO COM AS NAÇÕES AFRICANAS PARA CONSTRUIR
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O principal desafio da African Crisis Response Initiative [Iniciativa para Reação a Crises na ¡¦rica] [ACRI], no limiar do novo mil¡¦io, ?"tentar corresponder ao interesse cada vez maior" por parte dos pa¡¦es africanos que gostariam de participar do programa, diz o embaixador Aubrey Hooks, coordenador especial da ACRI, do Departamento de Estado dos EUA. As miss¡¦s principais da ACRI, segundo o embaixador, s¡¦ "fortalecer a capacidade dos pa¡¦es africanos de participar, de maneira eficaz, de operações de manutenção de paz e das miss¡¦s em crises humanit¡¦ias" e "construir um futuro mais est¡¦el para eles pr¡¦rios e para o continente como um todo". O embaixador foi entrevistado pela nossa colaboradora Susan Ellis. |
Pergunta: Como o senhor definiria a atual função da ACRI e os seus principais objetivos?
Hooks: A função da ACRI ?a mesma, desde a fundação da organização: fazer com que os pa¡¦es da ¡¦rica tenham maior capacidade de participar, de maneira eficaz, de operações de manutenção de paz e de miss¡¦s em crises humanit¡¦ias.
P: Em que setor a ACRI tem uma atividade mais intensa, e por que?
Hooks: Somos um programa de treinamento, e acho que somos mais eficazes no treinamento de habilidades de manutenção de paz, e tamb¡¦ no treinamento para as atividades de comando e controle. Isto ? como voc?pega os v¡¦ios elementos, v¡¦ios contingentes, e ap¡¦ reuni-los, voc?transforma um mandato pol¡¦ico em uma presen¡¦ militar em uma regi¡¦. Acho que ?nesse processo que estabelecemos a nossa reputação, a qual eu acho que, no momento, ?muito boa, no continente africano.
P: Os contatos da ACRI de pa¡¦ para pa¡¦, e os contatos regionais, influenciam os instrumentos de diplomacia?
Hooks: Em termos de diplomacia, definitivamente, a influ¡¦cia tem sido grande. O USEUCOM (U.S. European Command) [Comando dos Estados Unidos na Europa] e o USCENTCOM (U.S. Central Command) [Comando Central dos Estados Unidos], os comandos de teatros de operações que lidam com v¡¦ias partes da ¡¦rica, descrevem a ACRI como o carro-chefe do seu relacionamento entre as for¡¦s armadas e os pa¡¦es africanos. O que percebemos ?que existe muito interesse na ACRI. E, no contexto militar, isso tem ajudado a abrir muitas portas.
Al¡¦ disso, ?claro, eu acho que em termos das nossas embaixadas na ¡¦rica, este ?outro envolvimento por parte dos Estados Unidos que amplia os nossos contatos com uma s¡¦ie de pa¡¦es, e tem dado resultados positivos. Fornecemos os equipamentos e ministramos o treinamento. Isso tamb¡¦ significa que o relacionamento entre os Estados Unidos e o pa¡¦-parceiro ?muito mais profundo do que seria em outras circunst¡¦cias.
P: Portanto o senhor acredita que a ACRI representa um bom exemplo de diplomacia p¡¦lica?
Hooks: Exatamente. E Malawi, um dos primeiros pa¡¦es a apoiar o nosso programa, ?um excelente exemplo.
Malawi fica na parte sul do continente, e estamos muito satisfeitos pelo fato de os malawianos participarem do programa. Eles nos apoiaram com entusiasmo desde o in¡¦io, e eles provavelmente s¡¦ as pessoas que est¡¦ mais adiantadas no que se refere ?evolução do programa, pois come¡¦ram cedo, t¡¦ sido constantes na parceria conosco e progrediram de forma significativa. J?ouvimos muitos elogios ¡¦ qualificações das tropas de Malawi. Por exemplo, quando elas participaram dos exerc¡¦ios Blue Crane [Gar¡¦ Azul] -- organizados na ¡¦rica do Sul pela organização sub-regional SADC (Southern African Development Community) [Comunidade para o Desenvolvimento do Sul da ¡¦rica] -- seu desempenho foi devidamente observado pelos outros participantes.
P: De que maneiras a diplomacia p¡¦lica ajuda a ACRI a atingir os seus objetivos?
Hooks: A ACRI ?um programa que, desde o in¡¦io, tem dado muita import¡¦cia ?transpar¡¦cia e ?abertura. E aceitamos bem a atenção e a discuss¡¦ p¡¦lica a respeito da nossa organização. Achamos que este ?um excelente programa que demonstra maior envolvimento dos Estados Unidos no continente africano, e no momento ele ? provavelmente, a iniciativa deste governo mais bem conhecida e mais bem sucedida na ¡¦rica. Achamos que temos uma ¡¦ima hist¡¦ia para contar, e sempre temos prazer em fazer isso na imprensa, para que possamos atingir o maior n¡¦ero de pessoas. Achamos que este programa abriu muitas portas, n¡¦ apenas no nosso relacionamento militar, mas tamb¡¦ em termos pol¡¦icos, de maneira mais ampla, porque eu acho que as pessoas aprenderam a respeitar o programa pelo que ele oferece, e por que elas percebem que ele atende a uma necessidade espec¡¦ica.
Quando este programa foi lan¡¦do em 1996, as miss¡¦s de paz eram vistas de maneira diferente no continente. Agora, um n¡¦ero cada vez maior de governos - e eu acho que o Qu¡¦ia talvez seja um exemplo disso - j?perceberam que a manutenção da paz ? de fato, uma miss¡¦ importante para as for¡¦s armadas, e lhes oferece uma miss¡¦ que transcende as fronteiras do seu pa¡¦. A manutenção da paz ?vista como uma boa coisa. Ela real¡¦ o prest¡¦io do pa¡¦, como um pa¡¦ que est?envolvido em uma boa causa humanit¡¦ia. A ACRI, ao mesmo tempo, construiu uma excelente reputação desde o seu lan¡¦mento, tr¡¦ anos atr¡¦. Em parte, isso se deve ?publicidade de que temos sido alvo. Acredito que a exposição aos meios de comunicação e a diplomacia p¡¦lica caminham lado a lado. Portanto, eu acredito que a diplomacia p¡¦lica contribuiu para o sucesso da ACRI.
P: Qual ?o processo empregado pela ACRI para determinar onde e quando ela deve se envolver?
Hooks: A ACRI ?um programa de treinamento. Examinamos v¡¦ios pa¡¦es da ¡¦rica onde temos alguns contatos. Fazemos apresentações a respeito do programa em todo o continente. Quando encontramos pa¡¦es que est¡¦ interessados no programa, e que tenham demonstrado interesse em participar de operações de manutenção de paz, investigamos a possibilidade de estabelecer uma parceria.
Temos tr¡¦ par¡¦etros gerais que s¡¦ necess¡¦ios: (1) um governo civil democr¡¦ico, (2) respeito pelos direitos humanos e (3) uma capacidade militar significativa. E quando os pa¡¦es que satisfazem esses tr¡¦ crit¡¦ios manifestam interesse em participar do programa, n¡¦ investigamos a possibilidade de oferecer treinamento.
P: ?verdade que a sua organização pretende, no futuro, estabelecer uma parceria com a Nig¡¦ia?
Hooks: Adorar¡¦mos ter uma relacionamento com a Nig¡¦ia, bem como com a ¡¦rica do Sul. Esses pa¡¦es s¡¦ muito grandes. No caso da Nig¡¦ia, nenhum outro pa¡¦ no continente j?teve a experi¡¦cia que a Nig¡¦ia teve em miss¡¦s de manutenção de paz. A Nig¡¦ia j?exerceu uma função de lideran¡¦ em v¡¦ias operações de manutenção de paz. Trata-se de um grande pa¡¦ com uma população numerosa, a mais numerosa da ¡¦rica, com um poder militar significativo, e os recursos econ¡¦icos para participar de operações de manutenção de paz. Achamos que seria muito vantajoso ter tanto a Nig¡¦ia quanto a ¡¦rica do Sul no programa; gostar¡¦mos de nos beneficiar da sua experi¡¦cia.
Na minha opini¡¦, parceria ?uma palavra que reflete a maneira pela qual vemos o programa e a sua efic¡¦ia. Antes da criação da ACRI, consultamos, cautelosamente, nossos amigos africanos. Recebemos suas sugest¡¦s e conselhos e reorientamos este programa de modo a refletir suas sugest¡¦s. Chegamos at?a mudar o nome do programa. O nome original era ACRF (African Crisis Response Force) [For¡¦ de Reação a Crises Africanas]. Posteriormente o nome foi mudado para ACRI. A palavra "iniciativa" ?o resultado dessas consultas. A participação de pa¡¦es como a Nig¡¦ia significaria um grande impulso para o nosso programa. Mas eu tamb¡¦ acredito que poder¡¦mos oferecer alguma coisa significativa ?Nig¡¦ia.
P: Al¡¦ dos benef¡¦ios diretos e ¡¦vios dos contatos entre for¡¦s armadas de diferentes pa¡¦es em treinamento e operações de manutenção da paz, quais s¡¦ alguns dos outros benef¡¦ios a longo prazo, e talvez menos compreendidos, dos contatos e interações entre as for¡¦s armadas dos Estados Unidos e as for¡¦s armadas de outros pa¡¦es?
Hooks: Podemos citar v¡¦ias coisas. As for¡¦s armadas dos Estados Unidos est¡¦ tentando envolver v¡¦ios pa¡¦es africanos em uma s¡¦ie de programas diferentes. Temos exerc¡¦ios regionais, como por exemplo o Natural Fire [Fogo Natural] que foi realizado na parte oriental do continente em 1998, e que foi extremamente bem sucedido. Esse exerc¡¦io contou com a participação de Uganda, Tanz¡¦ia e Qu¡¦ia. E eu acho que um programa desse tipo, em que houve contato direto com as for¡¦s armadas dos Estados Unidos, tamb¡¦ contribuiu, de maneira decisiva, para que o Qu¡¦ia resolvesse aceitar a ACRI como programa de treinamento.
Quando as for¡¦s armadas de pa¡¦es diferentes t¡¦ a oportunidade de se conhecer, de trabalhar e de treinar em conjunto, elas estabelecem os contatos que inspiram confian¡¦, estimulam a cooperação e encorajam relações duradouras que interessam tanto ao pa¡¦ parceiro quanto aos Estados Unidos.
P: Quais s¡¦ as organizações internacionais que est¡¦ envolvidas nos programas de treinamento da ACRI?
Hooks: Uma das coisas que temos tentado fazer, desde o in¡¦io do programa, ?envolver organizações humanit¡¦ias. Quando come¡¦mos a desenvolver o programa, fomos ¡¦ Nações Unidas, por exemplo, para nos assegurarmos de que est¡¦amos preparados para ministrar instrução de acordo com os padr¡¦s da ONU que haviam sido desenvolvidos para as operações de manutenção de paz. Eles confirmaram que nosso programa estava ?altura desses padr¡¦s.
Segundo, convidamos v¡¦ias organizações que fazem parte da estrutura da ONU, como o UNHCR (UN High Commissioner for Refugees) [Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados], e outras organizações humanit¡¦ias, incluindo o International Committee of the Red Cross [Comit?Internacional da Cruz Vermelha], para enviar representantes para participar do treinamento, porque essas s¡¦ organizações que est¡¦ na ¡¦ea. Em qualquer operação de manutenção da paz, sempre h?uma crise humanit¡¦ia.
Acreditamos que, para que o treinamento seja realista, precisamos incorporar as informações dessas organizações durante o treinamento, para que os militares se familiarizem com as necessidades das organizações humanit¡¦ias, e tamb¡¦ para que as organizações humanit¡¦ias compreendam as necessidades dos militares e o que os militares podem fazer por elas. Por exemplo, se eles quiserem enviar um comboio transportando alimentos, eles freq¡¦ntemente precisar¡¦ de proteção para que os ve¡¦ulos cheguem ao seu destino. Esta ?uma ¡¦ea em que as organizações humanit¡¦ias podem trabalhar em conjunto com as for¡¦s armadas. O nosso programa tem sido ¡¦ico nesse aspecto, pois ele une as organizações humanit¡¦ias ¡¦ for¡¦s armadas para que possam treinar juntos; assim as duas instituições podem trabalhar melhor em conjunto.
P: De que maneiras a ACRI melhorou a capacidade da comunidade internacional de reagir a desastres humanit¡¦ios reais ou em potencial?
Hooks: Esta ?uma excelente pergunta, porque o principal objetivo da ACRI ?melhorar a capacidade das for¡¦s armadas africanas de reagir ¡¦ crises. E essa miss¡¦, ou esse mandato, pode partir das Nações Unidas, da OAU (Organization of African Unity) [Organização para a Unidade Africana], ou de organizações sub-regionais como a ECOWAS (Economic Community of West African States) [Comunidade Econ¡¦ica dos Estados da ¡¦rica Ocidental] ou SADC.
O chamado tamb¡¦ pode vir das coaliz¡¦s formadas com um objetivo -- isto ? aliados que foram reunidos por um pa¡¦ l¡¦er para tratar de uma determinada crise. Portanto, trata-se de uma capacidade que pode ser utilizada por v¡¦ias organizações diferentes. A decis¡¦ contra ou a favor de enviar tropas em uma operação de manutenção de paz ?sempre uma decis¡¦ soberana do pa¡¦ que participa do nosso programa. Obviamente, nosso foco ?na ¡¦rica, mas as tropas que passam pelo nosso programa est¡¦ inteiramente qualificadas para participar de operações de manutenção da paz no Oriente M¡¦io, ¡¦ia, Am¡¦ica Latina ou em qualquer parte do mundo.
P: Como o senhor avaliaria as principais preocupações e desafios que a ACRI enfrenta em termos de interoperabilidade no que diz respeito ao equipamento, ¡¦ comunicações e ?doutrina?
Hooks: Naturalmente, esta ?sempre a pergunta principal, e tentamos tratar de duas quest¡¦s: caracter¡¦ticas comuns e interoperabilidade. Para tratar da quest¡¦ das caracter¡¦ticas comuns, n¡¦ nos baseamos no fato de que temos uma experi¡¦cia de treinamento compartilhada de acordo com padr¡¦s comuns. Portanto, quando contingentes de pa¡¦es diferentes e tradições diferentes se unem, eles encontram, com mais facilidade, uma abordagem comum para a resolução de problemas.
H?muitas pessoas que imaginam a ¡¦rica como um continente homog¡¦eo. Ela n¡¦ ?homog¡¦ea. A diversidade ?enorme no continente. Eu me recordo de uma ocasi¡¦ em que trabalhei com o comandante da for¡¦ solicitada pela ONU na Rep¡¦lica Centro-Africana, conhecida como MINURCA. O general comandante, Barthelemy Ratanga, do Gab¡¦, explicou que os contingentes africanos de pa¡¦es diferentes, que falam o franc¡¦, ¡¦ vezes operam de maneiras muito diferentes, pois t¡¦ suas pr¡¦rias tradições locais. Portanto, as caracter¡¦ticas comuns da nossa abordagem funcionam da seguinte forma: temos padr¡¦s comuns e uma experi¡¦cia de treinamento em comum -- portanto, a abordagem ao lidar com os problemas tamb¡¦ ?comum.
Em termos de interoperabilidade, a principal quest¡¦ ?como usar contingentes de pa¡¦es diferentes e fazer com que eles se comuniquem entre si. E o que fazemos, al¡¦ de ministrar instrução, ?fornecer equipamentos. Este ?o segundo componente do nosso programa. E uma boa parte desse equipamento ?relacionado com comunicação. O equipamento inclui r¡¦ios que podem ser ajustados para operar em muitas freqüências diferentes, para que os contingentes de pa¡¦es diferentes possam ter a mesma freqüência e portanto possam se comunicar entre si sem dificuldades.
P: De que maneira as funções do seu escrit¡¦io s¡¦ coordenadas com o Departamento de Defesa?
Hooks: A ACRI ?uma iniciativa presidencial, gerenciada pelo Departamento de Estado. Embora ela envolva o treinamento de tropas na ¡¦rica, ela n¡¦ ?gerenciada pelo Departamento de Defesa. No entanto, h?v¡¦ios elementos do Departamento de Defesa que trabalham em estreita colaboração no que estamos tentando fazer.
Afinal, os principais elementos envolvidos com o treinamento da ACRI s¡¦ as For¡¦s Especiais do Ex¡¦cito dos Estados Unidos. E portanto trabalhamos diretamente com o Estado-Maior Conjunto das For¡¦s Armadas, e tamb¡¦ com o Gabinete do Secret¡¦io de Defesa em quest¡¦s relacionadas ao treinamento, para nos certificarmos de que estamos operando de acordo com os mais elevados padr¡¦s; de que a nossa doutrina esteja correta, sob o ponto de vista militar; e de que o treinamento propriamente dito esteja de acordo com as normas militares estabelecidas, e que seja ministrado pelos melhores instrutores dos Estados Unidos, que, na verdade, s¡¦ membros das For¡¦s Especiais dos Estados Unidos. Portanto existe um relacionamento muito pr¡¦imo e mutuamente ben¡¦ico entre a nossa organização e o pessoal do Departamento de Defesa.
P: Quais foram as principais realizações da ACRI desde a sua fundação aproximadamente tr¡¦ anos atr¡¦?
Hooks: Houve v¡¦ias realizações importantes. Uma foi o lan¡¦mento de um programa de treinamento para miss¡¦s de manutenção de paz que tem excelente reputação em todo o continente. Uma prova disso ?o fato de que alguns pa¡¦es - Senegal e Gana, por exemplo - est¡¦ solicitando treinamento adicional.
Em segundo lugar, alguns pa¡¦es, como o Qu¡¦ia, que inicialmente tinham algumas reservas quanto ao programa, solicitaram o treinamento da ACRI.
Em terceiro lugar, temos for¡¦s armadas treinadas que j?participaram de operações de manutenção da paz ap¡¦ terem iniciado o treinamento da ACRI. E segundo todas as informações de que dispomos, seu desempenho nessas operações reflete a boa qualidade do treinamento. Isso ?uma prova de que n¡¦ realmente estamos atingindo o nosso objetivo.
O que estamos tentando fazer? Estamos tentando treinar as for¡¦s armadas dos pa¡¦es que est¡¦ dispostos a participar das operações de manutenção da paz. Dos sete pa¡¦es que treinamos at?o momento, cinco se envolveram ou est¡¦ envolvidos, no momento, em operações de manutenção da paz. Portanto, estamos chegando ¡¦ pessoas certas.
Desde o in¡¦io do programa ACRI -- e existem outros fatores que tamb¡¦ contribu¡¦am para isto -- muitos pa¡¦es africanos come¡¦ram a ver, nas operações de manutenção da paz, um papel significativo para as suas for¡¦s armadas.
Naturalmente, sob o ponto de vista dos Estados Unidos, as operações de manutenção de paz t¡¦ ocupado, cada vez mais, o tempo das nossas for¡¦s armadas nos ¡¦timos anos. E eu acho que a ACRI, certamente no contexto da ¡¦rica, vem chamando a atenção para o fato de que podemos treinar for¡¦s armadas para que elas estejam preparadas para essa tarefa. P: Como o senhor v?o efeito, a longo prazo, das iniciativas da ACRI?
E o senhor acredita que o objetivo final ?fazer com que a organização n¡¦ seja mais necess¡¦ia?
Hooks: Esta ?uma pergunta interessante. Uma das coisas com as quais sempre nos preocupamos ? como manter o treinamento. O treinamento, naturalmente, ?um item perec¡¦el, por assim dizer, e portanto, como voc?pode mant?lo por um per¡¦do de tempo mais prolongado? No nosso caso, em particular, n¡¦ tratamos dessa quest¡¦ em v¡¦ios n¡¦eis.
Em primeiro lugar, o treinamento no n¡¦el de batalh¡¦ ?realizado da seguinte forma: s¡¦ realizados seis exerc¡¦ios a intervalos de seis meses; portanto, eles cobrem um per¡¦do de tr¡¦ anos. Assim, ?feito o treinamento inicial, e em seguida s¡¦ feitos cinco exerc¡¦ios subseq¡¦ntes para refor¡¦r aquele treinamento.
Segundo, o nosso programa tem como base o conceito de se "treinar o instrutor" -- n¡¦ se trata apenas de habilidades de treinamento e nem de treinamento sobre como administrar um programa de treinamento. Dessa forma, por exemplo, em um exerc¡¦io, n¡¦ temos exerc¡¦ios em sala de aula, o que chamamos "Treinamento Subseq¡¦nte Um". E "Treinamento Subseq¡¦nte Dois" tem como objetivo ver at?que ponto os indiv¡¦uos que participaram do primeiro exerc¡¦io treinaram as tropas para participar do segundo exerc¡¦io.
Terceiro, acreditamos que existem alguns programas e exerc¡¦ios que refor¡¦m o que n¡¦ estamos tentando fazer. Um exemplo ?o JCET (Joint Combined Exchange Training) (Interc¡¦bio para Treinamento Conjunto Combinado), que ?um exerc¡¦io de treinamento das for¡¦s armadas dos Estados Unidos nos pa¡¦es africanos e em outras nações no mundo inteiro. Esses exerc¡¦ios conduzidos com as tropas locais podem complementar as habilidades de proteção de for¡¦ que n¡¦ estamos ensinando.
Quarto, existem exerc¡¦ios regionais, geralmente com ¡¦fase em habilidades de manutenção da paz, por exemplo o Gar¡¦ Azul, que eu mencionei anteriormente. Organizamos um no ano passado, chamado Fogo Natural. Os franceses organizaram um em 1998, chamado Guidimakha, e est¡¦ organizando um em janeiro ou fevereiro do pr¡¦imo ano, chamado Gabon 2000.
Todos esses exerc¡¦ios, de fato, envolvem habilidades de manutenção de paz, e portanto, refor¡¦m o que n¡¦ estamos tentando ensinar. O relacionamento mais amplo com as for¡¦s armadas dos Estados Unidos -- seja sob a forma de visitas de navios, JCETs ou exerc¡¦ios regionais -- contribui para um relacionamento que ajudar?a manter o nosso treinamento por um longo per¡¦do de tempo.
Mas eu n¡¦ vejo a ACRI como um programa que dever? necessariamente, existir para sempre. Pelo contr¡¦io, trata-se de um programa que foi institu¡¦o para ensinar habilidades de manutenção de paz e para ensinar os pa¡¦es a organizar programas para o desenvolvimento dessas habilidades. Quando essa tarefa estiver terminada, o treinamento que proporcionamos pode ser mantido, a longo prazo, pelos outros programas que o Pent¡¦ono mant¡¦ em seus relacionamentos militares e pelos exerc¡¦ios regionais que muitos pa¡¦es organizam na ¡¦rica.
P: Como o senhor caracteriza as principais ligações e diferen¡¦s entre "manutenção da paz" e "envolvimento militar em tempo de paz"?
Hooks: O termo "envolvimento militar em tempo de paz" se refere, eu acho, a toda a gama do relacionamento que temos entre nossas for¡¦s armadas e as for¡¦s armadas de outros pa¡¦es, nesse caso, pa¡¦es africanos, seja um JCET, ou um exerc¡¦io regional, ou uma visita de navio, ou alguma outra coisa. A manutenção de paz, naturalmente, em geral ocorre ap¡¦ incidentes de viol¡¦cia -- seja entre estados ou entre elementos do mesmo estado -- quando os pa¡¦es posicionam tropas, em um esfor¡¦ para tentar assegurar um ambiente est¡¦el para que se possa construir a paz. Isto ? houve um conflito, e todos os lados concordam com a entrada de uma for¡¦ de manutenção de paz no territ¡¦io. Essa for¡¦ est?no local para que as instituições governamentais possam ser colocadas em funcionamento novamente e possam tratar da quest¡¦ de como conduzir o pa¡¦ no rumo da estabilidade, a longo prazo.
As operações de manutenção de paz, naturalmente, podem se prolongar por muitos anos, mas geralmente o seu prazo de duração ?mais curto. Os relacionamentos militares estabelecidos durante as miss¡¦s de manutenção de paz, no entanto, s¡¦ duradouros, e esperamos que esses relacionamentos se tornem mais ricos com o passar do tempo.
P: Quais s¡¦ os principais desafios enfrentados pela ACRI ao entrarmos no pr¡¦imo mil¡¦io?
Hooks: Nosso principal desafio ?tentar reagir ao interesse, cada vez maior, em participar do programa. ?medida que um n¡¦ero cada vez maior de pa¡¦es querem participar do programa, muitos recursos de treinamento se fazem necess¡¦ios, tendo em vista os exerc¡¦ios que realizamos. E, considerando o fato de que usamos For¡¦s Especiais, que complementamos com elementos terceirizados, como os principais instrutores, a pergunta ? Como vamos gerenciar esses recursos da maneira mais eficaz, para que possamos ministrar treinamento para o maior n¡¦ero de pa¡¦es, e o maior n¡¦ero de militares? Esse ?o verdadeiro desafio: encontrar recursos suficientes de treinamento nas for¡¦s armadas dos Estados Unidos para atender ¡¦ manifestações de interesse no programa.
?claro que esse problema ?o resultado direto do sucesso. ?maravilhoso ter um problema assim, mas n¡¦ obstante, devemos gerenci?lo com muito cuidado.
Na verdade, a quest¡¦ ? Por que lan¡¦mos essa iniciativa? Eu acho que ela reflete a preocupação com os conflitos que, infelizmente, t¡¦ trazido problemas para o continente africano nos ¡¦timos anos, e o desejo, por parte do governo dos Estados Unidos, de ajudar os pa¡¦es africanos nos seus esfor¡¦s para tratar dos problemas que ocorrem no seu continente. Estamos presenciando, cada vez mais, uma disposição, por parte dos pa¡¦es africanos, de tentar resolver os problemas nas suas respectivas ¡¦eas.
Portanto, o objetivo do programa ?melhorar a capacidade das nações africanas de construir um futuro mais est¡¦el para si mesmas e para o continente como um todo.
Agenda de Pol¡¦ica Externa dos EUA
Revista Eletr¡¦ica do Departamento de Estado
Vol. 4, N?3, Dezembro de 1999