Pergunta: Em uma audi・cia da comiss・, em junho, o senhor disse que o "fr・il ventre digital" dos Estados Unidos se encontra mais prontamente vulner・el a um ataque do que as for・s armadas da na艫o. O senhor pode falar um pouco mais sobre isso?
Kyl: Acho que isso geralmente ?reconhecido como verdadeiro. Temos o complexo militar mais forte do mundo, e ningu・, de fato, tem condi苺es de nos enfrentar. Portanto, a pergunta ? um advers・io em potencial procuraria os pontos mais vulner・eis para atacar os Estados Unidos, caso se decidisse a faz?lo? A mesma coisa acontece com os terroristas. E a resposta ?que uma das nossas vulnerabilidades ?a nossa infra-estrutura de informa苺es, porque contamos, mais do que qualquer outra na艫o do mundo, com a alta tecnologia, para operar as nossas telecomunica苺es, os nossos transportes, para fazer os nossos neg・ios financeiros -- incluindo, naturalmente, o nosso complexo de defesa. Como resultado, a vulnerabilidade que a nossa infra-estrutura tem ?provavelmente um dos principais pontos-alvo para um estado agressor ou uma organiza艫o terrorista.
P: Seguindo essa mesma linha de racioc・io, o senhor disse que essa ?a mais dif・il e mais importante quest・ de seguran・ nacional e ordem p・lica que a lideran・ do nosso pa・ enfrentar?nos pr・imos anos. Quais s・ algumas das coisas que o senhor teme como as piores situa苺es poss・eis, se essa quest・ n・ for tratada adequadamente?
Kyl: Vamos come・r com a transi艫o para o novo mil・io. O problema do Y2K (problema dos computadores com o ano 2000) que foi -- acertadamente -- identificado como um s・io problema em potencial para o pa・, ?exacerbado pelo fato de que ele dar?aos terroristas, ou outros grupos de pessoas ou indiv・uos que nos queiram mal, a oportunidade de ouro de atacar no momento em que a maior confus・ reinar. N・ n・ saberemos o motivo pelo qual muitas coisas que v・ apresentar problemas ?meia-noite de 31 de dezembro de 1999, v・, de fato, ter problemas. Possivelmente atribuiremos a maior parte dos problemas ・ panes associadas ao Y2K, mas ?obvio que essa situa艫o representa uma grande oportunidade para sabotagem ou outro tipo de ataque ?nossa infra-estrutura, por parte das pessoas que querem nos prejudicar -- tanto pelo fato de suas atividades serem cobertas pelo evento quanto devido ?vulnerabilidade que o evento propriamente dito apresenta.
Portanto, a?est?a primeira grande oportunidade. Mas al・ desse momento -- devido, como eu disse, ?vulnerabilidade dos v・ios aspectos da nossa sociedade civil, assim como de certos componentes de defesa -- o ato de atacar a nossa infra-estrutura representa uma das melhores maneiras de nos prejudicar sob o ponto de vista abstrato, e em uma situa艫o em que haja um conflito cont・uo, representa uma grande oportunidade de desestruturar a nossa capacidade de enfrentar as amea・s envolvidas nessa conting・cia.
P: De modo geral, com que facilidade se pode invadir a rede de informa苺es em algum ponto, e que tipo de danos a pessoa que conseguir fazer isso pode causar?
Kyl: Bem, ?surpreendentemente f・il. ?dif・il quantificar em palavras, mas alguns exerc・ios foram feitos recentemente. Um deles, que foi divulgado pela imprensa, chamado "Elegible Receiver" [Receptor Autorizado], demonstrou em termos reais a vulnerabilidade da rede de transportes, da rede de energia el・rica, e outras, aos ataques, literalmente, perpetrados pelos hackers -- pessoas usando equipamentos convencionais, em outras palavras, nenhum equipamento de "agente secreto". Os equipamentos que se encontram dispon・eis podem nocautear partes essenciais da nossa infra-estrutura de informa苺es. Agora, nesse caso, eles tornaram inoperantes partes da rede el・rica, do sistema de transportes, do sistema financeiro. Outros que s・ vulner・eis incluem coisas como os sistemas de ・ua, todas as formas de telecomunica苺es, naturalmente, e as pessoas que atendem ・ emerg・cias, mas talvez sob o ponto de vista de defesa, nada seja mais s・io do que os laborat・ios do complexo de defesa, assim como os sistemas de armamento.
Portanto, existe um alto grau de vulnerabilidade, e cada vez que algum jovem hacker de outro pa・ invade o sistema de computadores do Pent・ono, as pessoas co・m suas cabe・s e se perguntam como isso pode acontecer, e aprendem a partir da experi・cia. Mas parece que se trata de um processo de aprendizado constante. Outro exemplo: pouco antes do confronto, em fevereiro ・timo, em que est・amos prestes a tomar uma atitude contra Saddam Hussein, a invas・ dos computadores do Pent・ono foi t・ significativa que o presidente foi, de fato, informado de que a atividade poderia ser o resultado de uma a艫o deliberada por parte do governo do Iraque. Por algum tempo ficamos sem saber se essa foi ou n・ a causa do ataque. Acabamos descobrindo que o ataque foi perpetrado por tr・ jovens em tr・ pa・es diferentes. Portanto, respondendo ?pergunta -- "At?que ponto somos vulner・eis?" Eu acho que isso serve como exemplo da quest・.
P: Certamente, como esses jovens sem nenhum motivo sinistro podem entrar nos sistemas com tanta facilidade, o senhor sugeriria que os nossos advers・ios poderiam fazer a mesma coisa com a mesma facilidade, com uma possibilidade muito maior de causar danos?
Kyl: Isso ?exatamente o que ?preocupante.
P: A partir da sua pr・ria perspectiva no comit?e estando muito interessado no assunto, como o senhor v?o papel do Congresso na prote艫o contra esse tipo de guerra de informa苺es ou terrorismo cibern・ico?
Kyl: Bem, acho que ?・vio -- temos que dar aos ・g・s respons・eis pela seguran・ nacional, as institui苺es de defesa, dinheiro suficiente para que eles possam lidar com o problema, e a autoridade para faz?lo.
H?muitas quest・s reais envolvidas, mas eu acho que sob o ponto de vista de pol・ica p・lica, precisamos, antes de mais nada, estabelecer a pol・ica para o governo, levar essa pol・ica a s・io, e prover os meios para isso.
Agora, estamos pressionando o governo (Clinton) h?quatro anos, e ele ainda est?atrasado. Ele deveria apresentar um plano, mas ainda n・ fez isso. O que o presidente fez, em uma ordem executiva, foi estabelecer um prazo de 180 dias para que um plano fosse preparado. O dia 22 de novembro seria o t・mino do prazo. Portanto, presume-se que esse ?o plano dos ・g・s do governo para tratar da quest・ entre si.
P: Isso aconteceu por insist・cia do Congresso?
Kyl: O Congresso deu o pontap?inicial, pedindo, ou exigindo, duas vezes, que o presidente apresentasse um plano ou um relat・io. Ele n・ fez isso. Em vez disso, ele instituiu uma comiss・, antes de mais nada, e como parte dessa iniciativa, ele tamb・ instituiu uma for・-tarefa dentro do governo. Uma das recomenda苺es que elas fizeram foi para preparar esse plano. E portanto, h?muito tempo que eles est・ fazendo planos para come・r o in・io da apresenta艫o do relat・io, aqui, e j?estamos quase no fim processo de 180 dias. Espero que esse plano pelo menos indique a dire艫o a seguir para cada ・g・-chave do governo, ao lidar com o setor privado com o qual eles t・ um relacionamento, e que proporcione uma orienta艫o, pelo menos para a primeira fase da atividade. Mas ainda falta uma parte significativa do componente de defesa, que ?onde eu acho que o governo vai ter que se empenhar a seguir. Portanto, o nosso papel, eu acho, ?continuar a pressionar e a prover quaisquer recursos que se fizerem necess・ios.
P: O senhor acha que a quest・ est?obtendo a aten艫o necess・ia, por parte do poder legislativo, para essa finalidade?
Kyl: N・. Mas n・ tem havido desacordo no poder legislativo. Est?sendo feito um esfor・ bipartid・io e bicameral. Portanto, nessa ・ea, n・ h?problema. Mas se voc?perguntar -- "H?compreens・ suficiente da quest・, por parte do Congresso ou do p・lico em geral?" -- a resposta ?"N・." E tamb・ n・ h?compreens・ e nem comprometimento suficiente, por parte do governo.
P: O senhor tocou levemente neste assunto, mas devido ?interconex・ da infra-estrutura de informa苺es, existe uma necessidade, por parte dos setores p・lico e privado, de coordenar, de alguma forma, as suas atividades nessa ・ea e trabalhar em conjunto?
Kyl: Sim, existe. E parte do plano que prevemos que o governo desenvolver??lidar com esse elemento de coordena艫o. Por exemplo, o Departamento dos Transportes, presumivelmente, ter?um plano que integre os componentes da atividade de transportes, que pertencem ao setor privado, ao Departamento de Transportes, para uma rea艫o conjunta -- indica苺es, advert・cia e rea艫o -- etc. Existe tamb・ um grupo empresarial que tem estado envolvido, principalmente com a ・ea de telecomunica苺es, que tem tido uma liga艫o de longo prazo com o presidente. Os elementos desse grupo continuam a dar muitas indica苺es sobre o que o setor privado precisa, e o que eles podem fazer para lidar com essa situa艫o. Porque em ・tima an・ise, o equipamento e a tecnologia gerados pelo setor privado acabam sendo usados tanto pelo setor privado quanto pelo governo, e eles podem ser muito inovadores no que diz respeito ao que eles incorporam aos seus sistemas e como eles oferecem solu苺es para o governo. Isso ?o que eles t・ feito.
P: O senhor mencionou anteriormente uma suspeita a certa altura dos acontecimentos, que, segundo se provou, era infundada, de que o Iraque estava empreendendo alguma atividade na ・ea da guerra de informa艫o. O senhor sabe de algum, ou mais de um, advers・io dos Estados Unidos que esteja, de fato, se envolvendo com esse tipo de prepara艫o, e qual seria a natureza dessa prepara艫o?
Kyl: De acordo com as nossas fontes de intelig・cia, muitos pa・es est・ trabalhando em t・nicas de guerra de informa艫o, e h?um grupo menor de pa・es que, especificamente, escolheu os Estados Unidos como alvo nos seus esfor・s de planejamento. N・ posso dizer se j?houve alguma tentativa, por parte de outro pa・, de atacar a nossa infra-estrutura de informa艫o.
P: Acho que os ataques ocorreriam de duas formas: Atingindo, de fato, certas ・eas de atividade que s・ controladas pelo sistema de informa艫o, ou inserindo informa苺es falsas nos sistemas.
Kyl: Voc?poderia invadir e adquirir informa苺es, voc?poderia inserir v・ios tipos de "bugs" que desorganizariam as opera苺es ou impediriam o seu funcionamento, ou inserir informa苺es falsas. Portanto, na verdade, voc?poderia fazer todas essas tr・ coisas.
P: E presumivelmente, algu・ em algum lugar deve estar pelo menos pensando em fazer isso.
Kyl: Como eu disse, muitos pa・es t・ programas em andamento, e alguns desses programas, na verdade, t・ os Estados Unidos como alvo. Agora, isso n・ ?a mesma coisa que dizer que esses pa・es est・ tentando atacar os Estados Unidos hoje. Eu estou apenas dizendo que eles desenvolveram programas, ou que est・ trabalhando no conceito de guerra de informa苺es contra os Estados Unidos. Seria ・vio, e essa talvez seja a sua pr・ima pergunta, que os Estados Unidos estariam pensando em termos tanto ofensivos quanto defensivos.
P: O senhor poderia falar um pouco mais sobre isso?
Kyl: A ・ica coisa a mais que eu posso dizer ?o seguinte: devo lembrar os nossos leitores que, naturalmente, com rela艫o ?capacidade de empreender uma guerra de informa艫o ofensiva, n・ somos, de longe, o pa・ mais vulner・el, por causa do nosso grau de depend・cia da tecnologia; portanto, para n・ trata-se mais de uma atividade defensiva do que uma atividade ofensiva.
P: Mas o senhor est?sugerindo que certamente h?tamb・ prepara苺es ou investiga苺es em andamento.
Kyl: Bem, lembre-se de que algumas informa苺es foram divulgadas pouco depois da Tempestade no Deserto, revelando um certo grau de interfer・cia, por parte dos Estados Unidos, nas comunica苺es do Iraque, e outras atividades. Acho que podemos dizer que talvez esse tenha sido o primeiro exemplo do uso da guerra de informa艫o. Na verdade, isso n・ ?novidade. H?anos, e at?mesmo d・adas, estamos tentando desestruturar as comunica苺es do inimigo e descobrir os seus c・igos, etc. -- tudo isso faz parte da mesma coisa. S?que agora temos uma vers・ muito mais sofisticada dessa atividade.
P: O que o senhor est?planejando no subcommiss・, no momento, no que se refere a outra atividades?
Kyl: A pr・ima coisa que faremos ?rever o relat・io que ser?emitido em novembro em resposta ?Determina艫o Presidencial (PDD), que nos dar?alguma indica艫o dos rumos que o governo pretende tomar, avaliar essas informa苺es, talvez convocar uma audi・cia para saber o que eles pretendem fazer e talvez consultar outras pessoas que podem ter opini・s diferentes, e, n・ sei, na atual conjuntura, o que faremos depois disso.
P: O senhor acha que grandes dota苺es or・ment・ias ser・ necess・ias em algum momento?
Kyl: Os valores s・ relativamente pequenos, na verdade, mas eu diria que haver?necessidade de algumas verbas.
Agenda de Pol・ica Externa dos EUA
Revista Eletr・ica da USIA
Vol. 3, N?4, Novembre de 1998