O QUE AS PESQUISAS DE OPINIÃO REVELAM: AS ATITUDES DO PÚBLICO NORTE-AMERICANO EM RELAÇÃO À EXPANSÃO DA OTAN

Alvin Richman, analista de pesquisa sênior
Escritório de Pesquisa e Reação dos Meios de Comunicação
Agência de Informação dos Estados Unidos
(Office of Research and Media Reaction, U.S. Information Agency)

Pesquisas recentes mostram que uma pequena maioria de americanos apóiam a expansão da OTAN, incluindo a Polônia, a Hungria, e a República Tcheca. No entanto, as opiniões a respeito da OTAN podem mudar à medida que os debates progridem, pois somente um quinto do público declarou estar acompanhando passa a passo as notícias sobre essa questão.

Apresentamos a seguir as principais conclusões:

Os americanos estão divididos, de maneira marcante, pelo nível de escolaridade, quando se trata do assunto da expansão da OTAN: aproximadamente três quartos das pessoas que têm diploma universitário aprovam a expansão; em comparação, pouco mais da metade dos que não possuem formação superior aprovam a Expansão. Até agora, tem-se verificado pouca diferença entre os democratas e os republicanos no tocante à questão da expansão da OTAN.

Três quartos dos "formadores de opinião" dos Estados Unidos (média em dez grupos de liderança) aprovam a expansão da OTAN.

O argumento de que a OTAN é necessária para deter a Rússia não convence tanto os americanos quanto o argumento de que uma OTAN ampliada, incorporando mais forças, conseguirá lidar de maneira mais eficaz com várias ameaças globais contra, e disputas entre, membros da OTAN.

Um quinto da população dos Estados Unidos, no momento, está acompanhando o caso de perto

As pesquisas do Pew Research Center desde janeiro próximo têm demonstrado, repetidas vezes, que somente um quinto, aproximadamente, da população dos Estados Unidos está acompanhando de perto as notícias a respeito da Expansão da OTAN e a incorporação da Polônia, da Hungria e da República Tcheca. Em agosto, seis por cento disseram estar acompanhando essa questão "com muita atenção" e 16 por cento disseram estar acompanhando o caso "com razoável interesse". Quase quatro quintos disseram estar acompanhando os acontecimentos, mas "não com muita atenção" (31 por cento) ou "sem prestar atenção nenhuma" (46 por cento).

A expansão da OTAN chamou menos atenção do que qualquer uma das oito notícias testadas em agosto pelo Pew Research Center: Três quintos dos entrevistados disseram que estavam acompanhando "com atenção" as notícias a respeito da exploração do planeta Marte (58 por cento "com muita atenção" ou "com razoável atenção"), e dois quintos ou mais disseram que estavam prestando igual atenção ao debate a respeito do orçamento federal (48 por cento), à "reunificação de Hong Kong e China" (48 por cento) e ao mais recente atentado suicida a bomba em Jerusalém (40 por cento).

Pesquisas recentes sobre a expansão da OTAN

Em duas pesquisas recentes, foram feitas perguntas a respeito de questões diferentes referentes à expansão da OTAN; elas obtiveram maiorias comparáveis, que apóiam a idéia. O Pew Research Center, em uma pesquisa efetuada de 4 a 11 de setembro, perguntou, "De modo geral, você é contra ou a favor da expansão da OTAN, incluindo a Polônia, a República Tcheca, e a Hungria?" Sessenta e três por cento aprovaram, e 18 por cento não aprovaram.

O Gallup/USA Today, em uma pesquisa efetuada de 22 a 25 de agosto, mencionou as obrigações coletivas de defesa dos membros da OTAN e perguntou especificamente a respeito da admissão da Polônia, da Hungria, e da República Tcheca pela OTAN. O apoio à admissão desses países variou de metade dos entrevistados, para a República Tcheca (51 por cento a favor e 31 contra) a quase dois terços no caso da admissão da Polônia (64 por cento a favor e 19 por cento contra). O apoio à admissão da Hungria apresentou os seguintes números: 58 por cento a favor e 22 por cento contra.

Grupos da população -- As pesquisas do Pew Research Center do Gallup/USA Today revelaram que os americanos diferem de maneira mais marcante sobre a questão da expansão da OTAN, de acordo com o nível de escolaridade: Três quartos das pessoas com formação superior entrevistadas pelo Pew Research Center aprovam a expansão da OTAN (77 por cento a favor e 12 por cento contra); em comparação, 57 por cento dos entrevistados que não têm formação superior se manifestaram a favor da expansão da OTAN. As pesquisas, tanto do Pew Research Center quanto do Gallup/USA Today revelaram pouca diferença entre democratas e republicanos no que se refere ao apoio à expansão da OTAN.

Formadores de opinião dos Estados Unidos -- O Pew Research Center, em uma pesquisa efetuada no verão de 1997, apresentou a mesma pergunta sobre a expansão da OTAN a uma amostragem composta de dez grupos diferentes de "americanos influentes". Esses grupos incluíam funcionários de alto nível, de governos estaduais e municipais, assim como líderes no setor privado, representando a indústria, a política externa, a comunidade científica, a engenharia, os meios de comunicação, organizações religiosas e outras. Em média, 76 por cento se manifestaram a favor e 21 por cento se manifestaram contra a expansão da OTAN incorporando a Polônia, a República Tcheca e a Hungria. Respondendo a uma outra pergunta, 66 por cento dos formadores de opinião se manifestaram a favor e 26 por cento se manifestaram contra "uma segunda rodada" na expansão da OTAN no futuro.

Argumentos contra e a favor da expansão da OTAN

As pesquisas anteriores têm demonstrado que o apoio dos americanos à OTAN resulta menos da percepção de uma ameaça externa (soviética/russa) do que de um desejo de manter estreitas relações entre os Estados Unidos e a Europa. Em uma pesquisa efetuada em setembro de 1996 pelo Programa Sobre Atitudes Políticas Internacionais (Program on International Policy Attitudes (PIPA)), alguns argumentos contra e a favor da expansão da OTAN foram apresentados, e os entrevistados deveriam dizer se cada argumento era "convincente" ou "não convincente". Os argumentos mais fortes a favor da expansão da OTAN eram aqueles que enfatizavam uma estrutura de segurança altamente abrangente, incorporando os Estados Unidos e a Europa. Setenta e cinco por cento do público -- o maior consenso obtido em qualquer um dos argumentos da pesquisa -- acharam o argumento a seguir "convincente": "É melhor incluir os países da Europa Oriental na OTAN do que excluí-los, porque é mais provável que haja paz se todos nós nos comunicarmos e trabalharmos juntos." Aproximadamente dois terços do público acharam "convincente" o argumento de que as ampliações da OTAN criariam uma aliança que ficaria em uma "posição melhor para resolver conflitos" entre os países da Europa Oriental que não estiverem incluídos na OTAN. O argumento mais popular contra a expansão da OTAN (62 por cento o consideraram "convincente") também se baseava no tema da abrangência. O argumento era o seguinte: "Em vez de expandir a OTAN, deveria ser desenvolvida alguma coisa nova que incluísse a Rússia, ao invés de tratar a Rússia como um inimigo."

Cinqüenta e sete por cento dos entrevistados consideraram "convincente" o argumento de que a expansão da OTAN aumentaria a "carga" dos Estados Unidos, "pois aumentaria o número de países que os Estados Unidos teriam que defender". No entanto, 61 por cento dos entrevistados consideraram "convincente" o argumento de que a expansão da OTAN reduziria a "carga" dos Estados Unidos, "aumentando o número de países que poderiam ajudar nas missões da OTAN."

Os argumentos menos persuasivos -- a favor ou contra a expansão da OTAN -- eram aqueles que se concentravam na Rússia. Menos da metade das pessoas que responderam à pesquisa (45 por cento) consideraram "convincente" o argumento de que a Expansão da OTAN ajudaria a impedir a Rússia de ameaçar os países da Europa Oriental que seriam admitidos na OTAN. Ao mesmo tempo, menos da metade (41 por cento) achou "convincente" o argumento de que a expansão da OTAN provocaria, desnecessariamente a Rússia e "traria de volta as tensões da Guerra Fria." E somente 35 por cento acharam "convincente" o argumento segundo o qual nem a OTAN atual nem uma OTAN ampliada é necessária porque "a Rússia, no momento não representa uma ameaça significativa."

Política Externa dos EUA -- Agenda
Revista Eletrônica da USIA
Vol. 2, N?4, Outubro de 1997