Existe uma ligação clara entre as instituições democr¡¦icas e a estabilidade pol¡¦ica e econ¡¦ica, diz Steven Coffey, principal vice-secret¡¦io de Estado assistente Para Quest¡¦s de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho. Os Estados Unidos "continuar¡¦ a promover a democracia e a apoiar as instituições democr¡¦icas, em uma grande variedade de programas em muitas frentes," ele diz. Uma das prioridades dos Estados Unidos tem sido apoiar os esfor¡¦s para o cumprimento da lei, o que, segundo Coffey, ?"de import¡¦cia vital como uma esp¡¦ie de ponto focal que re¡¦e o processo de democratização, as mudan¡¦s econ¡¦icas e um respeito maior pelos direitos humanos." Coffey foi entrevistado por Dian McDonald.
Pergunta: Como o senhor caracterizaria a relação entre a democratização e a estabilidade pol¡¦ica?
A Indon¡¦ia -- o pa¡¦ que passou por uma das experi¡¦cias mais dif¡¦eis com a crise financeira -- ?um pa¡¦ onde n¡¦ tem ocorrido participação popular. Espera-se, que com as mudan¡¦s que recentemente ocorreram, a Indon¡¦ia agora esteja em um trajet¡¦ia positiva. Mas os problemas s¡¦ claros, e a relação entre a participação pol¡¦ica e a estabilidade foi ressaltada com muita clareza. E esse ?um dos motivos pelos quais ?t¡¦ importante promover a consolidação das instituições democr¡¦icas no mundo inteiro.
P: At?que ponto o desenvolvimento dos objetivos de seguran¡¦ dos Estados Unidos no mundo inteiro est¡¦ ligados ¡¦ iniciativas para a consolidação da democracia?
Para mim est?claro que se o Iraque tivesse um governo diferente e se o povo do Iraque tivesse alguma influ¡¦cia sobre o seu governo, as pol¡¦icas do Iraque seriam muito diferentes. As pol¡¦icas do governo do Iraque n¡¦ t¡¦ nenhuma relação com os interesses do povo iraquiano.
Portanto, nesse sentido, a forma de governo de um pa¡¦ pode ter um papel muito importante na determinação da sua pol¡¦ica externa.
O melhor exemplo disso seria a R¡¦sia. Obviamente houve uma grande mudan¡¦ em perspectiva na R¡¦sia, em relação ao resto do mundo, como resultado do colapso do comunismo. A ideologia comunista definia uma relação de muito antagonismo entre a R¡¦sia e o que era conhecido como o "mundo capitalista". O atual governo russo, eleito pelo povo e representando uma ampla variedade de interesses nacionais, passou a definir a relação da R¡¦sia com o resto do mundo de maneira diferente. E ?por isso que o processo cont¡¦uo das reformas pol¡¦icas e econ¡¦icas na R¡¦sia ?importante. ?medida que a R¡¦sia se tornar mais democr¡¦ica, ela encontrar?interesse em um envolvimento ainda maior na comunidade internacional, e a sua pol¡¦ica externa refletir?esse interesse.
P: Quais s¡¦ os principais obst¡¦ulos aos esfor¡¦s para estimular o maior crescimento da democratização no mundo inteiro?
P: Atualmente, qual ?a principal prioridade do governo no que se refere ?consolidação da democracia e aos direitos humanos?
Uma das mais altas prioridades tem sido a melhoria dos nossos esfor¡¦s para o cumprimento da lei. Temos tido programas para o cumprimento da lei, que s¡¦ enormemente importantes, h?v¡¦ios anos, mas estamos tentando dar maior coer¡¦cia a esses esfor¡¦s. A secret¡¦ia de Estado Albright, por exemplo, que est?muito interessada nessa ¡¦ea, gostaria que n¡¦ nos esforçássemos mais para tentar garantir que o trabalho dos v¡¦ios ¡¦g¡¦s e instituições governamentais que promovem o cumprimento da lei seja bem coordenado. No ano passado, ela convidou Paul Gewirtz, da Faculdade de Direito de Harvard, para examinar os nossos programas de cumprimento da lei em n¡¦el mundial.
A secret¡¦ia e o presidente est¡¦ interessados no cumprimento da lei porque isso ?muito importante como uma esp¡¦ie de ponto focal que re¡¦e o processo de democratização, as mudan¡¦s de ordem econ¡¦ica, e um respeito maior pelos direitos humanos. Os n¡¦eis de autoridade com os quais a maioria dos indiv¡¦uos, na maioria dos lugares, entra em contato com a maior freqüência s¡¦ as instituições policiais e jur¡¦icas. E se essas instituições forem corruptas, se elas n¡¦ forem imparciais, a interação dos cidad¡¦s com as autoridades tende a ser negativa. Portanto essas instituições t¡¦, de fato, uma import¡¦cia fundamental na proteção dos direitos dos cidad¡¦s comuns e na formação da sua atitude no que diz respeito ¡¦ autoridades.
P: Quais s¡¦ as regi¡¦s do mundo que, no momento, s¡¦ o foco dos esfor¡¦s e iniciativas dos Estados Unidos nessa ¡¦ea?
P: No contexto de uma regi¡¦ espec¡¦ica do mundo, o senhor poderia descrever de que forma os objetivos de consolidação da democracia dos Estados Unidos t¡¦ melhorado a seguran¡¦ regional?
Se voc?examinar a situação na Europa Central, em termos de seguran¡¦, voc?ver?uma enorme mudan¡¦. Uma d¡¦ada atr¡¦, uma Cortina de Ferro dividia a Europa pelo meio. A Alemanha estava dividida. Algumas das maiores tens¡¦s da Guerra Fria envolviam aquela regi¡¦. Com o colapso do comunismo, houve uma enorme transformação no ambiente de seguran¡¦ da Europa. As tropas russas sa¡¦am da Alemanha e dos pa¡¦es do B¡¦tico, e os pa¡¦es da Europa Central recuperaram sua independ¡¦cia. A divis¡¦ entre o Oriente e o Ocidente foi extinta. A OTAN, no momento est?se expandindo, de modo a incluir alguns desses pa¡¦es. Ao mesmo tempo, a melhoria da unidade europ¡¦a por meio da expans¡¦ da Uni¡¦ Europ¡¦a ocupa uma posição de destaque na pauta de discuss¡¦s.
P: Quais s¡¦ os principais fatores que levaram ?disseminação da democratização na ¡¦rica? Coffey: Acho que h?muitos fatores. Alguns deles s¡¦ globais, alguns t¡¦ uma relação com os fatos que est¡¦ contribuindo para a disseminação da democracia em todos os lugares. A revolução das comunicações tem tido um papel muito importante nesse ponto. Estamos, de fato, vivendo em uma aldeia global. Em todos os lugares, as pessoas sabem o que acontece em todos os lugares, e isso afeta a relação do indiv¡¦uo com a autoridade em todos os lugares. ?imposs¡¦el controlar as informações.
Uma das maiores for¡¦s para a promoção da democracia foi o fim do apartheid na ¡¦rica do Sul e o surgimento de uma nova ¡¦rica do Sul, uma ¡¦rica do Sul multirracial e democr¡¦ica. Nelson Mandela deu um tremendo ¡¦peto ?promoção da democracia na ¡¦rica. Agora temos, no continente africano, um brilhante exemplo de mudan¡¦ pol¡¦ica. N¡¦ quero subestimar os desafios que a ¡¦rica do Sul enfrenta, mas acho que a hist¡¦ia do pa¡¦ ?uma hist¡¦ia de sucesso, e outros africanos v¡¦m a ¡¦rica do Sul como exemplo.
P: A democracia tem uma base forte no Haiti, e o senhor acredita que o processo de democratização levar??estabilidade a longo prazo no pa¡¦?
P: ?dada a consideração merecida ?resolução de conflitos e ?diplomacia preventiva na Europa Oriental e na CEI (Comunidade de Estados Independentes)?
Uma das verdadeiras hist¡¦ias de sucesso que n¡¦ foram contadas, nesse esfor¡¦, ?a que ocorreu nos pa¡¦es do B¡¦tico. Nos primeiros dias desses pa¡¦es, logo ap¡¦ eles terem reconquistado a independ¡¦cia, havia um potencial consider¡¦el para fricção entre as comunidades russas e as comunidades da Est¡¦ia, Let¡¦ia e Litu¡¦ia. Os Estados Unidos, em conjunto com a OSCE, trabalharam muito diligentemente para promover a reconciliação.
P: Como o senhor v?o papel das organizações n¡¦-governamentais (ONGs) no apoio ?seguran¡¦ regional?
As ONGs no campo dos direitos humanos s¡¦ particularmente importantes. A promoção dos direitos humanos j?n¡¦ ?mais, principalmente, um esfor¡¦ dos governos, embora os governos tenham um papel extremamente importante nessa quest¡¦. Quem realmente abre caminho s¡¦ as ONGs, porque elas est¡¦ na linha de frente denunciando os abusos, e freq¡¦ntemente apresentando as soluções e os rem¡¦ios para os abusos.
P: Os ideais da sociedade civil s¡¦ facilmente transmitidos para as democracias emergentes?
?claro que o problema, na R¡¦sia e em muitos outros lugares, ?que o ritmo da mudan¡¦ n¡¦ ?uniforme -- geograficamente ou por faixas et¡¦ias. Os mais jovens geralmente se adaptam melhor e aceitam as mudan¡¦s com mais facilidade. N¡¦ devemos assumir que a batalha est?vencida e que a democracia, inevitavelmente, sair?vitoriosa em todos os lugares. Haver?reveses. As economias em alguns pa¡¦es est¡¦ muito fr¡¦eis. E se essas economias entrarem em colapso, haver?ramificações pol¡¦icas importantes. Mas eu acredito que, com o tempo e com a continuidade das circunst¡¦cias prop¡¦ias, veremos uma expans¡¦ maior da democracia no mundo inteiro.
Agenda de Pol¡¦ica Externa dos EUA
Revista Eletr¡¦ica da USIA
Vol. 3, N?3, Julho de 1998