A DIN・ICA VARI・EL DA ESTRUTURA巴O DA POL・ICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS

Entrevista com o Vice-Secret・io de Estado para Assuntos Pol・icos, Thomas R. Pickering

Thin blue rule


Thomas R. Pickering Atualmente, as rela苺es internacionais t・ se tornado cada vez mais complexas e "envolvem uma ampla variedade de assuntos que, no s・ulo XIX, nunca foram vistos como quest・s importantes de pol・ica externa", segundo o vice-secret・io de Estado para Assuntos Pol・icos, Thomas R. Pickering. As na苺es do mundo est・ ficando cada vez mais pr・imas, segundo ele, e a revolu艫o das comunica苺es e da informa艫o "est?claramente tendo impacto sobre a diplomacia internacional". Ele foi entrevistado pelo Editor Colaborador Dian McDonald.


Pergunta: Quem s・ as pessoas mais influentes para o desenvolvimento da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: S・ o presidente e o secret・io de Estado, o conselheiro Nacional de Seguran・ do Presidente, o secret・io da Defesa, o presidente das For・s Armadas e, naturalmente, o diretor central de Intelig・cia, que fornece aos outros membros-chave da equipe de pol・ica externa as ・timas informa苺es sobre os acontecimentos mundiais.

Essas pessoas constituem o centro do Conselho de Seguran・ Nacional, que ?o n・el mais alto de estrutura艫o da pol・ica externa do pa・. E a secret・ia de Estado assume de forma muito s・ia o seu papel fundamental de ser o principal conselheiro do presidente sobre os assuntos de pol・ica externa.

P: De que forma seus pap・s se sobrep・m e se complementam para atingir os objetivos da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: O presidente e a secret・ia de Estado necessitam considerar da forma mais abrangente os assuntos de pol・ica externa devido ・ suas responsabilidades sem paralelo no ・ice do sistema de estrutura艫o da pol・ica externa norte-americana. O secret・io da Defesa traz freq・ntemente uma dimens・ mais ampla ?discuss・ das quest・s de seguran・ nacional e o conselheiro de Seguran・ Nacional do Presidente coordena e integra as atividades e fun苺es de todos os membros da equipe de pol・ica externa. Ele naturalmente conhece com detalhes as prioridades de pol・ica externa do presidente e freq・ntemente inicia debates criteriosos sobre a agenda durante as reuni・s dos membros da pol・ica externa, ?qual o presidente n・ comparece.

Esta equipe do Conselho de Seguran・ Nacional, segundo minha pr・ria experi・cia, ?agrad・el e cooperativa. Mas ela n・ tende, de nenhuma forma, a reduzir a import・cia das quest・s ou a seriedade do debate. Eles n・ permitem que sentimentos pessoais interfiram nos interesses nacionais, como aconteceu algumas vezes no passado. E eles tamb・ v・ trabalhando muito para manter o elemento de confidencialidade ?medida que lidam com assuntos por um longo per・do de tempo.

P: Qual ?o seu trabalho com o Congresso na ・ea de pol・ica externa?

Pickering: O completo estabelecimento da pol・ica externa leva muito a s・io o papel do Congresso em qualquer assunto de pol・ica externa que surja para ser considerado. Sempre existe considera艫o de como e de que forma necessitamos convocar o Congresso, obter opini・s dos Congressistas e analisar as propostas do Congresso.

Em quase todos os principais assuntos de pol・ica externa, existem dois tipos de considera苺es do Congresso. A primeira tem a ver com a pol・ica - nomeadamente, como o Congresso, que ?parte essencial e muito ressonante do governo norte-americano, ir?reagir a um assunto de perspectiva pol・ica. Ouvimos as opini・s de membros individuais, bem como as lideran・s congressistas e os membros de comit・.

Em segundo lugar, o Congresso possui a tarefa muito importante de fornecer fundos para os programas governamentais, tanto como parte do processo de or・mento anual, como freq・ntemente em car・er de emerg・cia, atrav・ de apropria苺es suplementares. Assim, ?muito importante a considera艫o das preocupa苺es do Congresso do ponto de vista de financiamento.

Al・ disso, o Congresso legislou freq・ntemente nos ・timos anos sobre temas de pol・ica externa. Por esta raz・, uma das quest・s que sempre devemos fazer a n・ mesmos com rela艫o a iniciativas espec・icas de pol・ica externa ? Devemos esperar coopera艫o ou oposi艫o do Congresso? E, em qualquer dos casos, ter?a forma de legisla艫o? E, em caso positivo, como lidar・mos com seus esfor・s de legisla艫o, ou devemos n・ propor a nossa pr・ria legisla艫o? No ・timo caso, naturalmente, as consultas ao Congresso s・ muito importantes.

O presidente tem papel de lideran・ na consulta ao Congresso, mas a secret・ia tamb・ ocupa parcela muito grande do seu tempo em confer・cias com membros superiores do Congresso sobre temas espec・icos. E outros de n・ que trabalhamos de perto com a Secret・ia tamb・ tomamos essa responsabilidade em alguns casos, com respeito a temas or・ment・ios ou crises de pol・ica externa.

Eu recentemente estive uma tarde no Capit・io, por exemplo, relatando uma situa艫o espec・ica de crise a uma das comiss・s. Passei a noite falando aos membros do Congresso sobre a Col・bia. Funcion・ios importantes do Governo tamb・ est・ freq・ntemente envolvidos em discuss・s telef・icas com l・eres congressistas sobre temas da pol・ica externa. Estas atividades s・ parte importante das nossas responsabilidades no Poder Executivo, j?que ?a necess・ia coordena艫o entre os dois poderes que torna eficaz a pol・ica externa.

P: Como o sr. descreveria as novas influ・cias emergentes mais cr・icas sobre a estrutura艫o da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: Existem v・ias. As rela苺es internacionais v・ se tornando cada vez mais complexas e envolvem uma ampla variedade de assuntos que, no s・ulo XIX, nunca foram vistos como quest・s importantes de pol・ica externa. Eles incluem a criminalidade, o terrorismo, o ambiente e a sa・e internacional. Lidar com o problema da AIDS ?uma preocupa艫o particular do Governo no momento, devido ?devasta艫o que essa doen・ est?causando sobre v・ias economias e em v・ios pa・es em todo o mundo.

Estes s・ novos assuntos centrais e principais de pol・ica externa. Eles complementam os tradicionais temas econ・icos - com・cio, reforma macroecon・ica e desenvolvimento - bem como os temas pol・icos tradicionais - solucionar crises, lidar com disputas internacionais, com conflitos que tenham surgido e exercer a diplomacia para evitar futuros conflitos.

Eles s・ complementados por um crescimento da diplomacia multilateral, onde v・ios desses assuntos agora encontram espa・ em fac苺es multilaterais, algumas regionais e outras amplamente internacionais.

Assim, o escopo e a complexidade t・nica dos assuntos vem crescendo, devido ao fato das na苺es do mundo estarem crescendo juntas. Todos n・ fomos profundamente afetados pela revolu艫o das comunica苺es e da informa艫o, que claramente tem impacto sobre a diplomacia internacional.

P: O sr. poderia descrever sua forma de trabalho com as organiza苺es internacionais para alcan・r os objetivos da pol・ica externa norte-americana?

Pickering: Todos n・, da comunidade de assuntos internacionais, estamos cada vez mais conscientes do fato de que organismos multilaterais - tanto regionais como amplamente internacionais - desempenham papel extremamente importante. Em alguns casos, seu papel ?legislativo ou semi-legislativo; eles realmente fazem as regras. Em outros casos, eles estabelecem o consenso internacional sobre o que deve ser feito nos n・eis mais altos.

Em termos de problemas tradicionais de guerra e paz, o Conselho de Seguran・ das Na苺es Unidas, dos quais somos membros permanentes, exerce um papel muito importante. Durante os ・timos cinq・nta anos ou mais, as organiza苺es regionais e internacionais desenvolveram normas para ajudar a definir e regular as atividades em muitas esferas - desde como conduzir neg・ios at?como evitar que os avi・s colidam entre si e a regulamenta艫o da ind・tria de telecomunica苺es.

Por todas essas raz・s, o trabalho com nossos companheiros das organiza苺es internacionais ?um ponto focal primordial para o Departamento de Estado e outras ag・cias dom・ticas que nos auxiliam a conduzir os assuntos externos. Algumas das ag・cias dom・ticas possuem seus pr・rios v・culos com as organiza苺es internacionais no seu campo de atua艫o. ?responsabilidade do Departamento de Estado assegurar que elas sigam os objetivos da pol・ica externa norte-americana e prossigam com sua efic・ia em buscar os interesses nacionais.

P: De que forma as opini・s dos l・eres e governos estrangeiros influenciam o desenvolvimento da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: Elas s・ extremamente importantes e, naturalmente, especialmente cr・icas quando necessitamos lidar com quest・s bilaterais. Recentemente, envolvi-me em tr・ longas viagens que valeram a oportunidade de obter as opini・s de l・eres nos B・c・, na Am・ica Latina e no Extremo Oriente sobre quest・s importantes de pol・ica externa. Esse tipo de consulta a l・eres externos ?essencial pois, embora os Estados Unidos sejam l・eres mundiais de pol・ica externa, n・ podemos agir sozinhos. Temos que trazer amigos, aliados - e at?inimigos - em um esfor・ cooperativo de realiza艫o. O mundo n・ funciona com base em um pa・ podendo fazer tudo sozinho.

A considera艫o das opini・s dos l・eres estrangeiros tamb・ ?importante em contexto multilateral, j?que v・ios outros pa・es exercem pap・s de lideran・ em f・uns multilaterais como as Na苺es Unidas, e a forma com que pa・es individuais votam sobre quest・s espec・icas ?muito importante para os Estados Unidos. Realizamos muito "lobby" - que chamamos em linguagem diplom・ica de "dilig・cias" - o que de fato significa tentar persuadir os demais, atrav・ da l・ica e da discuss・, sobre a import・cia e a precis・ das opini・s norte-americanas. Tamb・ tentamos compreender as opini・s de outros pa・es e freq・ntemente tentamos incorporar suas opini・s na nossa pr・ria, de forma que todos possamos come・r a construir o tipo de consenso necess・io para a tomada de a苺es internacionais sobre temas espec・icos.

P: O sr. acredita que os meios de comunica艫o influenciam a estrutura艫o da pol・ica externa?

Pickering: Em algumas ocasi・s em que a diplomacia est?sendo conduzida de forma confidencial, e a confidencialidade ?importante para o seu sucesso, a transpar・cia muito precoce no processo obviamente n・ ?favor・el, do ponto de vista dos condutores da diplomacia. Acho que todos os que lidam com diplomacia reconhecem que estamos em uma era cada vez mais livre, com fluxo cada vez mais livre de informa苺es. E a maioria de n・ acredita que isso levar?intr・seca e essencialmente ao melhoramento do processo e da humanidade.

Assim, estamos nos acostumando a operar em um balaio de gatos. Quando a confidencialidade da informa艫o intercambiada com governos estrangeiros ?quebrada, isso algumas vezes ?visto como quebra de confian・ e tende a marcar um relacionamento, talvez desnecessariamente, de forma prejudicial. Mas isso n・ ?culpa da imprensa, nem da fonte de informa艫o para a imprensa.

Algumas vezes acreditamos que os coment・ios da imprensa sobre a pol・ica externa n・ s・ imparciais. Acho que os governos sentem isso mais fortemente, em not・ias da imprensa em que eles n・ tiveram a oportunidade de divulgar suas opini・s ao jornalista antes da hist・ia ser publicada. E, do ponto de vista da imprensa, tamb・ ?importante que eles analisem se tiveram a oportunidade de conhecer e avaliar por completo todos os pontos de vista antes de escrever as suas reportagens.

?responsabilidade da imprensa levar em conta todos os pontos de vista e analis?los. Reportagens de um s?lado, n・ verificadas nem amplamente pesquisadas, fornecem uma ・ica desvantajosa para os assuntos externos, pois, a longo prazo, a pol・ica externa tem sucesso se tiver o apoio da comunidade nacional, que ?muito influenciada pelos meios de comunica艫o. Ningu・ espera que os meios de comunica艫o sejam porta-vozes do governo, mas esperamos que eles pelo menos conhe・m e compreendam as opini・s e sejam justos ao veicul?las.

P: De que forma os meios de comunica艫o facilitam a estrutura艫o da pol・ica externa?

Pickering: Acho que os meios de comunica艫o o fazem de muitas formas. Mas, para que eles veiculem reportagens imparciais e equilibradas, ?importante que ou・m o que temos a dizer. N・ desejamos que os meios de comunica艫o deixem de ser totalmente cr・icos; isso provavelmente significaria que n・ est・ cumprindo com o seu trabalho. Por outro lado, esperamos que haja embasamento concreto razo・el para a cr・ica que n・ finja ignorar as considera苺es trazidas pelos governos para serem conduzidas no desenvolvimento da pol・ica.

No nosso governo, temos a sorte do presidente e da secret・ia de Estado, os maiores articuladores da pol・ica externa dos Estados Unidos, terem oportunidades freq・ntes de veicular suas opini・s para os meios de comunica艫o. Existe tamb・ um processo regular de depoimentos, que envolve os porta-vozes do Departamento de Estado, da Casa Branca e do Departamento de Defesa, que nos permite veicular nossas opini・s sobre temas espec・icos aos meios de comunica艫o, de forma que nunca nos sentimos de m・s atadas. Em muitos casos, os meios de comunica艫o s・ um instrumento notadamente importante. N・ que o governo manipule os meios, mas eles exercem fun艫o essencial por tratarem como not・ia o que o governo est?dizendo sobre um assunto espec・ico da pol・ica externa.

P: Por que o sr. acredita que o bipartidarismo ?essencial na estrutura艫o da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: ?minha convic艫o que, quando temos um interesse nacional vital em jogo - algo que possa afetar as vidas dos norte-americanos e a paz ou a guerra, por exemplo - a controv・sia deve parar dentro de casa. Isso significa que qualquer Presidente deve estar aberto, ao formular sua pol・ica externa, a considerar, com base no bipartidarismo, as opini・s dos demais no pa・. Mas, ap・ isso ser feito, e depois que o Presidente houver feito seu melhor julgamento sobre quais s・ os interesses nacionais sobre um tema de import・cia vital para a na艫o, o debate deve prosseguir no ・bito dom・tico, mas sem ser conduzido para fora. Entendemos que essa linha ?ultrapassada quando as pessoas viajam para o exterior e utilizam sua posi艫o de viajante como plataforma para modificar as decis・s pol・icas feitas dentro de casa.

No exterior, os estrangeiros devem observar uma Am・ica unida em torno de propostas centrais da nossa pol・ica externa e as formas cr・icas em que s・ conduzidas. Deve haver uma perspectiva nacional, mesmo que permane・m algumas diferen・s internas. P: Qual ?o papel das miss・s diplom・icas norte-americanas no exterior no desenvolvimento da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: As miss・s diplom・icas dos Estados Unidos no exterior possuem papel s・io e importante no desenvolvimento da pol・ica externa. Esse papel ?conduzido de diversas formas. Uma ?a sua habilidade de perguntar todas as quest・s que sejam cr・icas para a estrutura艫o da pol・ica externa dos Estados Unidos e proporcionar n・ apenas a melhor informa艫o concreta, mas tamb・ - e talvez, de forma mais importante - an・ises competentes dos fatores que acreditam serem significativos para motivar os pa・es estrangeiros e influenciar as decis・s dos seus pr・rios governos.

As miss・s e os embaixadores norte-americanos no exterior tamb・ possuem a importante responsabilidade de aconselhar o secret・io de Estado e o presidente sobre a pol・ica externa, tanto com rela艫o ao momento de tomada de iniciativas e efetiva艫o de mudan・s, bem como sobre qual dever?ser, do seu ponto avan・do, qualquer nova pol・ica externa norte-americana em um pa・ ou regi・ espec・ica dentro da sua jurisdi艫o. Os secret・ios adjuntos de Estado em Washington est・ sempre preparados para levar em conta suas opini・s e necessitam ser o ponto de integra艫o onde se encontram o que vem do exterior e o que est?sendo desenvolvido em Washington.

P: Quais experi・cias melhor o prepararam para o papel de piv?que o sr. desempenha na estrutura艫o da pol・ica externa dos Estados Unidos?

Pickering: O Servi・ Externo ?essencialmente uma carreira de aprendizado e descobri que isso ?o mais significativo para mim. Se um funcion・io do Servi・ Externo n・ aprende muita coisa nova todos os dias, n・ acredito que esteja utilizando sua carreira da melhor forma.

Os trabalhos mais ben・icos para mim foram os numerosos cargos que ocupei no exterior e as nomea苺es para fun苺es de estrutura艫o de pol・ica em Washington. Tive uma carreira em que cada trabalho, do meu ponto de vista, contribuiu para tornar-me mais eficiente no trabalho seguinte. Assim, acho que ?a combina艫o entre forma艫o cont・ua e conhecer constantemente a sua responsabilidade de conhecer todos os temas da forma mais profunda poss・el para a tomada de decis・s, que melhor me preparou para o meu papel atual.

Para todos os elaboradores de pol・ica, a capacidade - como sempre diz a secret・ia - de pensar "fora do casulo" ?essencial. Tentar obter novas dimens・s da solu艫o de um problema ?freq・ntemente um dos desafios mais interessantes e importantes. Todos n・ aprendemos, em nossa experi・cia em assuntos externos, como pesar os diversos fatores e decidir qual levar em conta.

Ao trabalhar em Washington, uma das coisas que se aprende ?a estar alerta e conhecer os fatores dom・ticos que t・ papel na estrutura艫o da pol・ica externa. A secret・ia tem a responsabilidade principal por isso, mas ela espera que seus conselheiros compreendam os fatores dom・ticos, que s・ menos facilmente vistos de um local no exterior, e saber como lev?los em conta.

Esses s・ os fatores e influ・cias que foram mais importantes para mim ao tentar fornecer o melhor apoio poss・el ?Secret・ia.

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